segunda-feira, 20 de julho de 2015

Novidades em DVD - Refúgio do Medo

De: Brad Anderson. Com Kate Beckinsale, Jim Sturgess, Michael Caine e Ben Kingsley. Suspense, EUA, 2014, 108 minutos.

Se você gostou de filmes como Ilha do Medo, de Martin Scorsese, ou mesmo Um Método Perigoso, de David Cronenberg, é muito provável que você vá apreciar a sessão do recém-lançado em DVD, Refúgio do Medo (Stonehearst Asylum). Não que a obra do diretor Brad Anderson - do surpreendente O Operário e do previsível Chamada de Emergência - tenha a qualidade de ambas as películas citadas anteriormente. Mas é preciso que se diga: possui o mesmo clima de mistério, a fotografia acinzentada (e o nevoeiro!), personagens envolventes, história de época e uma ou outra reviravolta na hora de arrematar o roteiro. Além do bom elenco, encabeçado por veteranos como Ben Kingsley, Michael Caine e Brendan Gleeson.

Na trama, Jim Sturgess é o recém diplomado médico Edward Newgate, que é enviado a um sanatório (o tal asilo Stonehearst, do título), para acompanhar de perto o trabalho realizado pelos médicos locais, o que poderá servir como uma espécie de estágio que complemente seus estudos. Ao chegar ao local, Edward é recebido por um certo doutor Silas Lamb (Kingsley), que logo se apresentará como um profissional que se utiliza de métodos bastante inclusivos para o tratamento de seus pacientes. Explico: ao invés de entupir os internos de medicamentos - como era não apenas na época, mas até os dias de hoje - Lamb prefere estimular os doentes por meio da exploração de suas potencialidades. Se uma mulher é tida como louca, mas gosta de tocar piano, bom, que toque piano como parte do tratamento.


Inicialmente, Edward considera o sistema bastante curioso, já que, no final do século 19, esse não costumava ser o padrão. Ao contrário, o desconhecimento a respeito das doenças mentais - fossem elas histerias, demências, melancolias ou loucuras - era suficiente para acometer aqueles que sofriam desses males a verdadeiras torturas, não sendo incomuns a aplicação de banhos gelados, camisas de força, máquina para promover náuseas e toda a sorte de flagelos. Isso sem contar a humilhação pública daqueles que eram tidos como insanos, que eram apresentados a plateias e que serviam, no fim das contas, como veículo para mero estímulo de um comportamento misógino, xenófobo, preconceituoso e machista, daqueles que os "dominavam". E que pouco contribuíam para uma eventual cura dos envolvidos.

Ainda que soe pesada, a obra não deixa de ter momentos de romance - Edward, inevitavelmente, se apaixonará por uma interna - e de humor, como na parte em que Eliza Graves (Beckinsale) brinca com Edward ao dizer: "tem certeza de que você é um médico? Pois eu nunca vi um que pedisse desculpas". Em meio ao clima "paz e amor" instituído por Silas Lamb - que usa frases de efeito como "meu método terapêutico visa a dar as boas almas um pouco de esperança e bondade" - Edward descobrirá, com o passar do filme, a realidade por trás do sanatório Stonehearst. No começo da sessão aparece a frase "não acredite em nada do que você ouve e apenas a metade do que você vê". Aí pode estar a chave para o espectador mais atento descobrir qual o mistério do local. Mas esse é apenas um detalhe.

Nota: 7,5

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