segunda-feira, 6 de julho de 2015

Lado B Classe A - The New Pornographers (Twin Cinema)

Escolher um disco dos canadenses no The New Pornographers pra figurar no nosso Lado B Classe A: taí uma tarefa complicada. Na discografia do grupo - e na impressão desse jornalista que vos fala - são dois os trabalhos que mais se sobressaem, entre os álbuns da banda capitaneada por Dan Bejar, A. C. Newman, Neko Case e companhia: Mass Romantic, lançado no ano 2000 e Twin Cinema, em 2005. Este último, e escolhido por nós para o quadro, foi o responsável pelo primeiro contato que tive com a banda. Sabe quando você coloca um LP pra rodar e logo depois se pergunta: caceta, como foi que eu nunca tinha escutado isso antes na minha vida? Enquanto ouvia as harmonias altamente coloridas, a guitarra marcante, o pop festeiro e com clima alto astral da primeira música - que marcava a meu ver uma espécie de cruzamento entre os Beach Boys, Weezer, The Wonders e os oitentistas do B-52s -, era esse o meu pensamento.

O meu "sócio" aqui do blogue já tinha passado as credenciais: o finado (e divertidíssimo) site Gordurama tinha dado nota 10. O Pitchfork, normalmente exigente, não se fez de rogado e tascou logo um 9, colocando o grupo no panteão daqueles que são categorizados como Best New Music. Uma baita credencial para qualquer artista da música que está buscando seu espaço. Juro que achei que não era pra tanto. Mas conforme as músicas avançavam e o clima festivo, tendo por base o que de mais saboroso uma banda pode fazer dentro do estilo denominado de power pop, ia tomando conta, a paixão só ia aumentando. Sim, paixão. Quem gosta de música tem suas bandas do coração: não precisei terminar de escutar esse trabalho, um dos melhores elaborados por grupos que surgiram no início dos anos 2000, para já colocar os canadenses entre os favoritos de sempre.


O disco Mass Romantic, citado no começo desse texto, talvez seja o que tenha os hits mais bacanas do grupo - casos da música título, The Slow Descent Into Alcoholism, Letter form a Occupant e The Body Says No. O que se configura como uma baita porta de entrada para eventuais novos ouvintes, que estejam interessados pelo grupo. Mas o Twin Cinema é mais completo. Mais coeso em suas possibilidades musicais, como se cada elemento sonoro e cada canção estivessem coladas uma na outra, compondo um trabalho heterogêneo em sua estrutura, ainda que, aqui e ali, possam ser notadas diferenças de ritmo, de clima e de velocidade entre uma composição e outra. Mas, no geral, e até por possuir um grande número de integrantes se "revezando" nos instrumentos - guitarra, baixo, bateria e sintetizador - o clima é sempre pra cima. Algo que já pode ser notado na coloridíssima capa do trabalho (aliás, quase sempre um padrão em cada lançamento)!

Repleto de letras despretensiosas que podem discorrer sobre situações cotidianas ou mesmo desilusões amorosas - tudo com uma pitada clara de nonsense em cada verso - a banda poderia ser figurinha fácil em qualquer rádio mais antenada, tamanho o potencial sonoro do registro, repleto de refrões, mas também de distorções de guitarras que posicionam o coletivo um tanto distante de seus pares do indie rock - ainda que faça parte dele, inevitavelmente. E audições de verdadeiras gemas pop - chego a ser repetititvo! - como a música título (aliás, é bom tirar o sofá da sala quando colocar essa canção pra rodar) -,  The Bleeding Heart Show, Jackie Dressed in Cobras, The Jessica Numbers e Sing Me Spanish Techno apenas corroboram essa tese. O Canadá normalmente é tido como um país frio - aliás, é a terra de grupos muito mais soturnos, como o Arcade Fire, apenas pra citar um. Mas o The New Pornographers, com seu estilo colorido, descolado e cheio de energia, afasta esse estereótipo para bem longe com seu pop acessível, agridoce e feito para todos os públicos. Fundamental.


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