"Todas as músicas foram escritas a partir de uma sensação emocional de vertigem e de rotação". A explicação dada pela britânica Griff para aquilo que pode ser um pequeno conceito por trás do seu ótimo disco de estreia, não poderia estar mais adequada para alguém de apenas 23 anos. De quebra, a sensação de que as paixões torrenciais se intercalam com instantes de coração partido sem muita linearidade, parece combinar com a música pop dançante, de sintetizadores catárticos, apresentada pela artista em Vertigo. Sim, esse é um disco que pode passar meio batido em meio a um batalhão de coisas sendo lançadas - e 2024 tem sido espetacular em matéria de música boa. Só que o caso é que, aqui, vale prestar atenção. Não que a cantora tenha algum grande diferencial em relação a outras de sua geração - que tem a mesma capacidade de converter a montanha russa emocional da pós adolescência em canções românticas, pegajosas, tão explosivas quanto melancólicas. Mas tudo é muito bem produzido, enérgico, vibrante.
Em alguma medida, talvez seja isso o que se espera de um artista pop. Que seja capaz de fazer com que nos identifiquemos de forma descomplicada, direta. Toda e qualquer pessoa adulta já passou pelas suas quando o assunto é o amor, as decepções, os arrependimentos. Griff canta sobre tudo isso com ares de veterana, parecendo meio debochada em alguns momentos, alegórica em outros e honesta com seus sentimentos sempre. O que sempre culmina em um refrão caudaloso ou em uma ponte que fará o seu público cativo cantar com gosto. Tomemos como exemplo a excelente Astronaut, que se inicia com um piano noventista (cortesia de Chris Martin do Coldplay), para mais adiante se espalhar em sintetizadores e efeitos, enquanto a letra abusa do trocadilho ao usar a figura do astronauta para falar de alguém que precisa de mais "espaço" (num relacionamento). É revigorante. Mas há outros grandes momentos - como Cycles, So Fast, Miss Me Too, Tears for Fun e Hole In My Pocket, esta última utilizando a metáfora do bolso furado em que se perde tudo, pra falar da solidão. Pra deixar no repeat por horas.
Nota: 8,5
Nenhum comentário:
Postar um comentário