Vamos combinar que o conceito de uma usina - um tipo de estabelecimento industrial equipado de máquinas, onde se processa e se transforma a matéria-prima -, parece totalmente adequado ao que encontramos no quinto trabalho do gaúcho Marco Benvegnú, o nome por trás do Irmão Victor. Seja pela dificuldade em categorizar o som - que mescla estilos distintos indo da psicodelia sessentista, passando pelo soft rock da década seguinte, até chegar ao jangle pop moderno -, pela complexidade dos arranjos ou pela poética torta, tudo parece elaborado em um processo contínuo de (des)construção, como ele explicou em entrevista ao Tenho Mais Discos Que Amigos. "Eu costumo sair para caminhar na rua, paro em algum parque, alguma praça e escrevo algumas ideias. Depois chego em casa, leio o que fiz e penso ‘bom, isso tá péssimo’. Repito esse processo por alguns dias até sair algo que me agrade" salientou a respeito do processo criativo.
Sobre Micro-Usina, Marco ponderou ainda que o projeto é influenciado pelo fato de as gravações terem sido feitas em cidades distintas, como, Passo Fundo - seu município de nascimento -, Porto Alegre, Florianópolis, Toulousse (na França) e São Paulo. "Meus movimentos pelas cidades servem como uma espécie de fio condutor que dá sentido a essas músicas, me permitindo observá-las de forma mais objetiva do que faria com um diário pessoal", destacou no material de divulgação. O resultado são canções de letras divertidas e literárias que aludem aos Mutantes e a coletivos modernos como O Terno, como é o caso da ótima Amarrado no Pulso do Cão (É uma febre ao contrário / Desencantando a cada passo / Sempre mastigando gelo). Aliás, os títulos curiosos das músicas também são um capítulo a parte, sendo meio impossível ficar alheio a Miska Bella Foi a Missa, Rua da Catequese e, especialmente, a excêntrica e estranhamente onírica Canção de Ninar Landinense. Vale conferir!
Nota: 8,0
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