Não sei como é pra vocês a experiência de ouvir música mas, no meu caso, na maioria das vezes a audição de um novo álbum vem acompanhada de alguma outra atividade - uma louça lavada, uma caminhada de fim de tarde, um texto elaborado no trabalho. Essa operação, em muitos casos, eu repito - e não são raras às vezes que o descompromisso se converte em paixão instantânea. E é esse o caso de Estado Febril, o registro de estreia de Bruna Alimonda. Um disco que propõe uma saborosa mescla de MPB, indie pop e latinidade, com letras divertidas que utilizam metáforas gastronômicas para falar das dores do amor, como no caso das ótimas Cebola (Eu to cortando cebola pra não chorar só por você / Jogando a culpa e a razão desse sofrer) ou na autoexplicativa Janta e Põe a Mesa (A tua presença janta e põe a mesa / É como a xepa na segunda feira / Tempero bom que faz arder de amar).
E aí é lá pelo meio do trabalho que surge a imperdível Para de Me Curtir e Me Ama, que é aquele tipo de música que faz com que a gente pare tudo o que está fazendo para prestar atenção. Da letra safadinha ao refrão grudento, passando pela sonoridade primaveril e sofisticada, tudo parece tão perfeito aqui, que esse é o tipo de canção que, quase sozinha, eleva o disco para um outro patamar. Pernambucana de nascimento e também integrante da banda Abacaxepa, Bruna parece levar para o interior do registro alguns elementos formadores de sua bagagem artística - e que vão da breguice romântica à poesia popular. Carismática, a artista mantém uma boa base de fãs nas redes sociais, especialmente no Tik Tok, onde compartilha vídeos com voz e violão. "Eu tô amando saber o que vocês acharam. Sabe o que eu queria? Sentar em uma mesa de bar pra gente trocar ideia sobre esse processo todo", comentou no Instagram, na época do lançamento. Bom, por aqui, só podemos dizer que adoramos.
Nota: 9,0
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