Uma união da música clássica com a alternativa, com orquestrações épicas se intercalando com o indie moderno. Digamos que essa é uma tentativa bem pequena de resumir o tipo de som que fazem as britânicas do The Last Dinner Party - uma das sensações musicais desse começo de temporada. Com ecos de artistas distintos que vão de Kate Bush e Florence + The Machine, passando por Weyes Blood e Abba, o coletivo converte o seu disco de estreia Prelude to Ecstasy em uma coleção de canções divertidas, cinematográficas, poéticas e sacras - tudo com uma personalidade comovente. Em alguma medida, trata-se de uma mistura interessante que, por vezes, faz com que nos sintamos em uma espécie de filme de época dirigido pela Sofia Coppola ou em algum livro da Jane Austen. Ou em uma exposição de arte renascentista. É algo novo na música, por mais que tenhamos a impressão de já ter vivido isso em algum local.
Sobre as canções em si, elas transitam em vários gêneros do rock moderno, explorando temas variados, como a masculinidade frágil (Caesar on a TV Screen), a perda da inocência (Sinner), paixões adolescentes (My Lady of Mercy), privilégio masculino (Beautiful Boy) e relacionamentos tóxicos (On Your Side, uma das melhores). Essa união cheia de sofisticação que mistura viagens ao passado, com discussões poderosas de temas íntimos e atuais que conectam qualquer ouvinte, é o que torna esta uma experiência vigorosa, com brilho próprio. E há ainda Nothing Matters, o primeiro single, que foi lançado ainda no ano passado. Com seu refrão grudento, melodia otimista e letra descarada (e sexualmente) explícita (E você pode me segurar / Como ele segura ela / E eu vou te foder / Como se nada importasse) é a conclusão quase apoteótica, que começa devagar e cresce com todo mundo cantando junto. "Eu queria capturar essa sensação de amor desenfreado e indomável, que também é um pouco perverso", resumiu a vocalista Abigail Morris em entrevista à Dork. Imbatível!
Nota: 9,0
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