Se há algo que podemos perceber no quarto trabalho da cantora e compositora Mahmundi é a existência cada vez mais clara de uma personalidade própria - uma espécie de "cara" pra sua música. Que faz com que o material seja de fácil identificação. Quem acompanha a artista desde o começo da carreira talvez já esteja habituado com as suas melodias aconchegantes, que alternam instantes solares e otimistas com momentos mais poéticos e profundos. Aqueles que aguardam insistentemente por grandes novidades ou revoluções a cada novo disco desse ou daquele artista talvez não vejam nada de mais nessa nova leva de canções que misturam, como de praxe, MPB, pop, rock, soul e jazz. Mas ao mesmo tempo parece ser esse mesmo sentimento de familiaridade que torne a experiência com Amor Fati tão agradável. Não há grandes invenções. Apenas música boa.
E quando apertamos o play não são necessárias muitas curvas para que já estejamos ambientados ao novo projeto - com todo o estoicismo evocado pelo título. Como se fosse uma carta de apresentação, Amanhã é Mahmundi raiz, com toda a sofisticação, efeitos eletrônicos econômicos, guitarrinha primaveril, refrão grudento (Amanhã quando a gente acordar / Me pergunto como é que vai ser / Ela me levou pro céu / Eu não quero mais descer). Misturando a filosofia de Nietzsche, com David Lynch e comédias românticas noventistas - como ela revelou em entrevista à Revista Noize - a cantora explica que o conceito de amor ao destino parece ser uma espécie de linha guia do disco. Um bom exemplo que resume esse expediente pode ser encontrado em Sem Necessidade - parceria com o gaúcho Taguá Taguá. É o tipo de música que flui redondinha, que flerta com a psicoldelia e que nos faz abrir aquele sorriso.
Nota: 8,0
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