De: Daniel Rezende. Com Giulia Benitte, Kevin Vechiatto, Gabriel Moreira, Laura Rauseo, Monica Iozzi, Isabelle Drumond e Paulo Vilhena. Comédia / Aventura, Brasil, 2021, 90 minutos.
Vamos combinar que, pra galera que tá na faixa dos 40 anos - caso do jornalista aqui -, o que pega com a franquia Turma da Mônica, no cinema, é a nostalgia. Pura e simples. E isso torna praticamente impossível analisar esse Lições como analisaria qualquer outra obra. Porque aqui sou afetado por outro sentimento. Aliás, um sentimento que me faz abrir um sorriso de cinco em cinco minutos ao ser surpreendido pelo surgimento de algum personagem inesperado, por um easter egg ou por qualquer outro acontecimento que me faça retornar pra infância por alguns instantes. Poucas pessoas sabem, mas eu cresci acompanhado das revistinhas da Mônica, do Cebolinha, do Cascão, da Magali. Talvez o Picanha só exista por causa deles, vai saber. O profissional de assessoria de imprensa sem dúvida que sim. Ler e, consequentemente, escrever, teve muito a ver com as histórias criadas por Mauricio de Souza.
Então, pessoal, entendam. É diferente. Já era no antecessor Laços. Segue sendo agora. O filme de Daniel Rezende é, afinal, só mais uma desculpinha qualquer pra reencontremos o carismático e inseparável quarteto formado por Mônica (Giulia Benitte), Cebolinha (Kevin Vechiatto), Cascão (Gabriel Moreira) e Magali (Laura Rauseo). Na trama, em meio a ensaios de uma peça baseada em Romeu e Julieta, os amigos se veem em maus lençóis quando, numa tentativa de escapar do escola, a Mônica tem uma queda de um muro alto, o que faz com que ela quebre o braço. O evento é o estopim para que os pais deles tomem uma drástica decisão que faz com que a dona do Sansão troque de colégio. É uma forma de tentar afastá-los um pouco, o que evitaria outras situações caóticas. Aos amigos que ficam resta a resignação - por mais que o Cebolinha agora tenha, efetivamente conquistado, o posto de "dono da lua". Quer dizer, isso quando ele não está sendo importunado pelo Tonhão da rua de cima.
Já para a Mônica em meio a uma tentativa e outra de amizade ela também é confrontada pelo valentão local, um certo Pedrão (Vitor Queiroz). Tudo piora quando o sujeito se apodera do Sansão e, bom, isso desperta sentimentos ambíguos no Cebolinha que, ao saber do caso, se vê impelido a resgatar o coelho de pelúcia da protagonista. Claro que tudo não passa de um belo pretexto pra uma série de mensagens sobre amizade, companheirismo, amadurecimento, respeito às diferenças. Em uma nova escola, Mônica precisa reaprender a se relacionar - já que está longe dos amigos de coração. Já no outro colégio, os demais tentam seguir em frente sem a liderança de Mônica. E conforme o filme se desenrola há um sem fim de situações que servem de desculpa para a inserção de outros personagens queridos pelo público - casos do Humberto, do Do Contra, da Marina, do Nimbus e até do Chico Bento (em uma inesperada aparição).
Contando com o apoio de rostos famosos no elenco adulto, como Monica Iozzi (Dona Luisa), Paulo Vilhena (Seu Cebola) e Felipe Castanhari (fotógrafo do bairro do Limoeiro), a obra também conta com a participação de Isabelle Drumond, que dá vida à Tina, em um dos segmentos mais simpáticos do filme - aliás, ela surge acompanhada do Rolo (com direito a cabelo azul e tudo), da Pipa e do Zecão, como um coletivo de hippies que primam pela sustentabilidade (outra mensagem). No mais, trata-se de uma obra que esbanja carisma e que é tratada por todos ali com muito carinho - inclusive pelo próprio Maurico de Souza que, do alto dos seus 86 anos, surge em uma ponta como o Tio da Cantina (e ver ele dizendo pra Magali, diante de sua inescapável voracidade, "quem foi que inventou essa menina?" é o tipo de piadinha tão boba quanto simpática). Pode reunir a família e dar o play sem erro. Tá disponível na Amazon Prime e todo o mundo vai curtir.
Nota: 8,0
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