A crítica especializada pode reclamar, pode espernear, pode fazer o que quiser: mas o mais recente registro de Olly Alexander com o Years & Years é envolvente, dançante e festivo na medida ideal para o contraponto a esses tempos brutos que vivemos. Trabalhando sozinho desde a separação dos agora ex-colegas Mikey Goldsworthy e Emre Türkmen, o artista converte Night Calls em uma espécie de utopia andrógina em que o pop oitentista se mescla com a eletrônica das pistas, em meio a ousadas referências mitológicas, que se misturam a vocais sofisticados e em falsete e a sintetizadores opulentos - num direcionamento que, em partes, parece se afastar do perfil mais "econômico" do ótimo trabalho anterior, Palo Santo (2018). Um bom exemplo desse expediente está no grudento single Starstruck, com seu refrão esticado e letra hedonista e psicodélica (Eu sinto que todas as pessoas nessa sala / Não brilham como você / Se eu pudesse engarrafar você / Eu tomaria um gole de você /Como suco cósmico). Em outros ótimos momentos, como Sooner or Later e Crave - esta última, uma das melhores canções do ano - a experiência vai no limite entre o escapismo e a celebração. Não tem como resistir.
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