quarta-feira, 24 de julho de 2019

Picanha em Série - Big Little Lies (2ª Temporada)

De Andrea Arnold. Com Nicole Kidman, Laura Dern, Meryl Streep, Reese Whiterspoon, Shailene Woodley e Zoë Kravitz. Drama / Suspense, EUA, 347 minutos, 2019.

É muito provável que o maior motivo para se assistir a segunda temporada de Big Little Lies seja a oportunidade de poder seguir acompanhando tantas atrizes talentosas contracenando juntas - o que, vamos combinar, é um verdadeiro deleite. E como se já não bastassem as presenças luminosas de Laura Dern, Nicole Kidman, Zoë Kravitz, Shailene Woodley e Reese Whiterspoon, esse segundo ano ainda ganha um acréscimo que torna tudo ainda maior: Meryl Streep, que interpreta a ex-sogra de Celeste (Kidman). Partindo do trágico episódio que encerra a primeira temporada - a morte de Perry (Alexander Skarsgard) -, os novos episódios parecem abandonar um tanto da tensão que poderia ser gerada pelo segredo das Cinco de Monterrey, para focar nos dramas familiares, em seus desdobramentos.

Pra começar há o drama principal, vivido pela própria Celeste. Mary Louise (Streep), que inicialmente surge como uma figura disposta a prestar algum tipo de suporte emocional a ex-nora (estando ela mesma, também bastante abatida), logo mostra a sua verdadeira intenção: a de obter a guarda de seus dois netos, sob a desculpa de estarem convivendo em um lar instável, com uma mãe negligente. E, vamos combinar: as disputas no tribunal envolvendo ambas, com diálogos rasgantes, silêncios "ensurdecedores" e provocações de todos os tipos, estão entre os melhores momentos da temporada. E falar que Streep está magnífica em sua caracterização - com seu comportamento dissimulado, voz mansa, aparições de surpresa em tudo quanto é canto e modos ambíguos -, é quase uma redundância. Particularmente, gosto do sorrisinho amarelo e debochado, ao passo que o olhar transmite melancolia e vulnerabilidade. Um show!



No arco dramático das demais personagens, o foco principal é a instabilidade dos relacionamentos. Madeleine (Whiterspoon) ganha mais tempo em cena, já que precisa reconquistar o seu marido Ed (Adam Scott), após um episódio de traição. Já Jane (Woodley) tenta superar o difícil trauma de ter sido estuprada para tentar conseguir engatar um romance com o jovem Corey (Douglas Smith). No caso de Bonnie (Kravitz), o episódio envolvendo o coma de sua mãe é o estopim para que ela repense sua vida e perceba que, no fim das contas, não ama o seu marido. Aliás, nunca amou. Mas o melhor de tudo acontece com a Laura Dern que, na pele da dondoca Renata Klein, vê o seu mundinho dos sonhos e de riqueza ruir, depois que o seu marido vai a falência (e vamos combinar que a melhor sequência da temporada é aquela do último episódio, momento em que ela explode).

Ainda que cada trama funcione a sua maneira de forma individual, o grande ponto dessa série continua sendo o seu palpável elogio à sororidade. Longe de serem mulheres "perfeitas", aliás todas têm problemas e tomam atitudes eticamente questionáveis em boa parte do tempo, o que se mantém entre elas é a inquebrável aliança e, consequentemente, o seu segredo. Perry era um abusador, um estuprador, e, num ímpeto, Bonnie o mata. E, por mais que Celeste tenha saudades do ex e o odeie em igual medida - especialmente pela violência que emanava dele -, ela permanece ao lado das companheiras. Mary Louise surge como alguém que poderia desequilibrar essa balança, mas a trama não opta pelo suspense investigativo ou de vingança. E o resultado é um drama familiar caudaloso, mas talvez não tão robusto quanto aquele que assistimos na primeira temporada - que tomava por base o livro publicado por Liane Moriarty.

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