quarta-feira, 16 de maio de 2018

Novidades em DVD - Victoria e Abdul: O Confidente da Rainha (Victoria and Abdul)

De Stephen Frears. Com Judi Dench, Ali Fazal, Eddie Izzard e Adeel Akhtar. Drama / Biografia, Reino Unido / EUA, 2017, 112 minutos.

Não é de hoje que a realeza britânica parece ser fonte inesgotável para boas histórias. De Elizabeth (1998) a O Discurso do Rei (2010) não foram poucos os diretores que se aventuraram a narrar alguma passagem daquela que provavelmente é a monarquia mais famosa do planeta. Realizador de filmes como Coisas Belas e Sujas (2002) e Philomena (2013), o diretor Stephen Frears tem uma relação de proximidade com esse tipo de material - e não por acaso clássicos modernos como Ligações Perigosas (1988) e A Rainha (2006) são de sua autoria. Com Victoria e Abdul: O Confidente da Rainha (Victoria and Abdul) ele mergulha em mais uma dessas narrativas que se passam em meio a belas paisagens e que contam com castelos imponentes e uma série de personagens com figurinos e modos impecáveis. E também dispostos a uma boa intriga.

A trama volta no tempo, mais precisamente para o ano de 1887. Partindo da cidade de Agra, na Índia, dois jovens são recrutados para viajar até Londres, com o objetivo de entregar a rainha Victoria (Judi Dench) uma espécie de joia que serviria como honraria pelos serviços prestados - na época ela havia sido proclamada Imperatriz da Índia. No local, Abdul (Ali Fazal) e Mohammed (Adeel Akhtar) devem se adequar aos costumes da realeza - sendo proibidos, até mesmo de olhar a rainha nos olhos. Só que na hora da entrega do presente, Abdul quebra o protocolo. E com uma simples e singela troca de olhares, adquire a simpatia imediata da monarca, passando a conviver com esta, dividindo aposentos (e conselhos). Não é preciso ser nenhum adivinho para imaginar que essa excêntrica amizade será motivo de escândalo dentro da corte - afinal de contas como seria possível um humilde servo conquisar de tal maneira o coração da rainha Victoria?



Nesse sentido, a força do filme reside no fato de podermos assistir de camarote a todos os tipos de preconceitos manifestados por integrantes da realeza - de filhos ou parentes próximos até outros empregados, que tentam entender quais serão os limites dessa amizade. Mas o caso é que, com tanta gente ao seu redor a bajulando, claramente a monarca precisa de alguma novidade em sua tediosa vida de compromissos enfadonhos. E essa "novidade" surge justamente com a presença carismática de Abdul, que traz alguma frescor para a existência de uma senhora que, aos 81 anos, parece apenas aguardar pelo ocaso de sua existência. Não é por acaso que os prazeres mais simples da vida, como comer, são retratados na obra como os momentos altos do dia da rainha - e não chega a surpreender a sua voracidade diante da comida, em uma sequência de jantar que soa quase caricata.

Aliás, se há algum problema no filme, ele seria justamente esse caráter meio exagerado de tudo. Especialmente os integrantes da corte, que surgem sempre como pessoas intolerantes, mesquinhas e pouco profundas - ao passo que os indianos da película são pessoas leves, divertidas e humanas (mesmo no caso do mal humorado Mohammed, que não vê a hora de ir pra casa). Por outro lado, muito do humor involuntário da película é o que torna a obra tão gostosa de assistir - e não é por acaso que simples cenas envolvendo a entrega de uma gelatina e a presença de uma manga podre estão entre as mais divertidas do filme (além de conterem algum sentido metafórico). Sim, Victoria e Abdul está bem longe de ser o melhor filme de Frears - que acaba sendo criticado até mesmo por repetir temas. Mas ainda assim é uma produção acima da média.

Nota: 7,0

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