terça-feira, 27 de março de 2018

Grandes Cenas do Cinema - Curtindo a Vida Adoidado (Ferris Bueller's Day Off)

Filme: Curtindo a Vida Adoidado
Cena: Cantando Twist and Shout durante o desfile

Uma cena inesquecível em um dos mais queridos filmes dos anos 80. Assim pode ser definida a sequência em que Ferris Bueller - personagem de Matthew Broderick em Curtindo a Vida Adoidado (Ferris Bueller's Day Off) - canta Twist and Shout, dos Beatles, durante um desfile de carros alegóricos na cidade de Chicago. Em partes pode-se dizer que este é o ponto culminante da jornada de um dia de Ferris, da namorada Sloane (Mia Sara) e do melhor amigo Cameron (Alan Ruck), que resolvem matar aula para simplesmente curtir a vida ("que passa muito rápida", como lembra Ferris). A multicolorida e divertida sequência - que conta com pessoas fantasiadas, inúmeros instrumentos, coreografias de centenas de extras e um clima alto-astral bem de acordo com o das películas de John Hughes - surge já no terço final, quando o dia "livre" dos protagonistas já se aproxima do fim.



Ainda que a mensagem do filme seja relativamente simples, ela não deixa de ser cheia de significados - ainda mais levando-se em conta o fato de que os jovens dos anos 80, ainda buscando seu lugar no mundo, eram os descendentes diretos da geração de yuppies conservadores, tão preocupados com suas carreiras quanto com seus sofisticados bem materiais. Nesse sentido, não é por acaso que uma segunda cena marcante desse clássico da Sessão da Tarde é aquela em que um automóvel Ferrari é destruído por Cameron, que se queixa do distanciamento dos pais nada amorosos que, em busca do "sonho americano", ignoram a importância das relações familiares. Um momento de ruptura e de quebra de paradigma que funciona como um processo de libertação que envolve gerações que começam a se distanciar no que diz respeito aos sonhos e anseios.

Saboroso do início ao fim, Curtindo a Vida Adoidado é um filme leve, despretensioso e cheio de piadas e referências hilárias - de Star Wars a Simple Minds (uma das bandas favoritas de Hughes). Em um dia em que parece eterno, o trio de protagonistas vai a um restaurante chique, acompanha uma partida de beisebol, visita um museu e finaliza sua jornada na já citada parada, sendo inesquecíveis os estratagemas de Ferris para enganar o diretor da escola (Jeffrey Jones), que segue em seu encalço, desconfiando o tempo todo de suas intenções. Divertida também é a forma como a "doença" de Ferris (a desculpa que ele dá para não ir a aula) vai tomando proporções ao ponto de seus colegas lamentarem pela sua vida, com a mensagem Save Ferris ecoando por toda a cidade (aparecendo até mesmo em uma enorme caixa da água local). Aquele tipo de piada que nos deixa com um sorriso nostálgico de saudade de uma época em que filmes bobos eram encarados com a seriedade que tem a transição da adolescência para a vida adulta.

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