sexta-feira, 16 de setembro de 2016

09 Considerações Sobre o Show d'O Terno em Porto Alegre

Na quinta-feira (15/09) parte do cast do Picanha - no caso este jornalista que vos escreve - teve a oportunidade de prestigiar a apresentação dos paulistanos d'O Terno, no Bar Opinião em Porto Alegre. Nesse pequeno post, um resumo do que foi essa noite muito legal!

1) Não era a primeira vez da banda no Opinião - eles já tocaram uma boa quantidade de vezes na segunda maluca. Mas o objetivo desta vez era diferente: lançar oficialmente, na capital gaúcha, o álbum Melhor do Que Parece -, elogiadíssimo trabalho que deverá figurar em todas as listas de melhores desse ano. Talvez isto também explique o fato de boa parte do público estar pela primeira vez em uma exibição d'O Terno, o que foi possível perceber quando o vocalista Tim Bernardes fez uma pergunta relacionada a isso (e mais de 70% dos braços foram levantados).

2) Como a apresentação tinha a proposta de mostrar o disco novo, com a roupa laranja e tudo, naturalmente o disco foi prioridade. Não foi por acaso que o show começou com Não Espero Mais, Nó e o single culpa em sequência - este último com refrãozinho divertido cantado em uníssono pelo público presente. Mais tarde outra canções do registro apareceriam, casos de Lua Cheia, Minas Gerais, Vamos Assumir e O Orgulho e o Perdão - esta última outro momento alto, já que a canção, com seu estilo samba-brega-de-cabaré é daquelas com um dos refrões mais fáceis de cantar.

3) Falando em refrão, tava claro que o público estava esperando ansiosamente por Bote ao Contrário, que, com aquele clima Jovem Guarda ao estilo rei Roberto Carlos fase Em Ritmo de Aventura, talvez seja uma das mais queridas músicas dos fãs. E os versos ao mesmo tempo lamentosos e cheios de autoconfiança, cantados por todos a plenos pulmões, certamente contribuem para isso.



4) Além de Bote ao Contrário, outra canções do autointitulado segundo disco do trio garantiram alguns dos momentos mais psicodélicos da noite, especialmente O Cinza e Eu Confesso. Ai, Ai, Como Eu Me Iludo recebeu uma versão mais veloz que conferiu a ela certo clima festivo - mas sem perder a melancolia.

5) Falar do segundo trabalho é lembrar das principais ausências do setlist. Sei que Desaparecido - com sua letra absolutamente nonsense e nostálgica - certamente não seria uma música pra levantar o público, Mas Brazil, com seu refrão pegajoso e efeitos de teclado marcantes parecia estar pedindo pra ser executada ao vivo. Quem sabe em uma outra.

6) O Fora Temer dito em alto e bom som pelo vocalista Tim Bernardes em meio a apresentação foi aplaudido com entusiasmo pelo público. Naturalmente quem está presente em um show desses, de uma banda que sobrevive de maneira independente e recebe atenção ZERO da grande mídia, é alguém atento as mais variadas formas de arte feitas em nosso País. E ARTE, sabemos bem, é uma palavra maldita para a direita raivosa, conservadora, irritadiça e pouco afeita a novas experiências culturais. Sim, aquele mesmo povo que bate panela pedindo o fim do Ministério da Cultura e dá risada com a não indicação de Aquarius ao Oscar pelo mesmo Ministério. O que é uma pena.



7) Sobre as interações da banda com o público, em geral elas foram gentis e educadas, a despeito da figura um tanto debochada de Tim Bernardes - sério, é quase impossível não sorrir olhando para ele. Em certo momento um jovem gritou: Tim , te amo! Ele prontamente respondeu: Ei! Também te amo cara, pra alegria dos presentes!

8) A propósito: talvez tenha sido a boa receptividade do público o motivo para que o trio - completado por Guilherme D'Almeida e Gabriel Basile - tenha retornado ao palco para um raro segundo bis. A propósito, foi no retorno ao palco que as ignoradas canções do primeiro trabalho foram executadas, entre elas Zé, Assassino Compulsivo solicitada de maneira comovente pelo público - inclusive pela galera do fundão, onde estávamos. 66 também marcou presença, com sua métrica torta e versos corrosivos sobre o mercado artístico-cultural.

9) Ao final o que fica é que O Terno é, de fato, uma das bandas mais legais e potencialmente inovadoras da atualidade, com seus integrantes bebendo, sim, da fonte da Jovem Guarda e da psicodelia dos Mutantes, mas trazendo muita personalidade para as suas canções - e o fato de Bernardes se alternar entre o teclado e a guitarra dá uma boa dimensão da capacidade técnica. O que pode ser percebido também durante a execução de algumas canções, caso de Melhor do Que Parece, em mais um dos tantos momentos "viajantes" da noite.

Semana que vem tem mais, com a nossa presença nos shows do Silva e da Dingo Bells, na sexta (23/09), no mesmo Bar Opinião! Bora? =)

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