quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

Novidades em Streaming - Free Guy: Assumindo o Controle (Free Guy)

De: Shawn Levy. Com Ryan Reynolds, Jodie Comer, Joe Keery e Taika Waititi. Ação / Aventura / Comédia / Ficção Científica, EUA / Canadá, 2021, 115 minutos.

Vamos combinar que não é sempre que a mistura de videogame com cinema funciona, mas no caso de Free Guy: Assumindo o Controle (Free Guy) até que dá pra passar um paninho numa boa. Ok, não se trata de nenhuma experiência tão inesquecível ou inovadora - há ecos salpicados na narrativa de obras como Feitiço do Tempo (1993), O Show de Truman (1998) e Matrix (1999), além de games como Grand Theft Auto (GTA), Sim City e Fortnite, com direito a participação de streamers e outras referências da área -, mas é possível se divertir de forma descompromissada, com direito até a uma mensagem bacana sobre termos a ousadia de viver uma vida que possa ir além daquilo que parece programado para a nossa existência. É bobinho? Sim. É farofa? Total! Vai passar na Sessão da Tarde? Olha, só não passará se os programadores estiverem malucos, afinal a obra tem carisma, tem senso de humor e excelentes cenas de ação.

Na trama Ryan Reynolds é Guy, um sujeitinho de vida ordinária que trabalha em um banco, repetindo a sua rotina cheia de banalidades dia após dia. Quer dizer, "trabalha em um banco" é uma forma de dizer, já que Guy - também conhecido como o "cara da camisa azul" -, é um personagem secundário de um jogo de aventura ultrarrealista chamado Free City. Sim, enquanto o pau TORA naquele ambiente - com perseguições alucinantes, explosões, crimes, agressões e outros - Guy apenas caminha até o seu emprego, pede um café, cumprimenta amavelmente as pessoas (como uma espécie de Jim Carrey em O Show de Truman do ambiente virtual). O protagonista, na realidade, é aquilo que se conhece no universo desses jogos como Non-Player Character (ou Personagem Não Jogável). São aqueles que não podem ser controlados mas fazem parte do contexto e interagem de outras formas.


Bom, só que não demora muito para Guy cansar daquilo que ele faz todos os dias. E o "gatilho" para que ele burle o código que está programado pra ele envolve a jogadora Millie (Jodie Comer, a maravilhosa Villanelle da série Killing Eve) que, no ambiente virtual utiliza o nome de Molotov Girl - e, na real, Guy se apaixona por ela. Completando o trio de protagonistas, temos o programador Keys (Joe Keery), que trabalha para a empresa que produz Free City - e que está movendo uma ação contra Antwan (Taika Waititi) a quem acusa de ter roubado os códigos-fonte do game para benefício próprio. Pode parecer embaralhado de compreender, mas tudo vai se conectando direitinho quando Guy se aproxima da Molotov Girl, com ambos percebendo que a chave para solucionar o mistério pode estar dentro do ambiente do próprio jogo.

Recheado de boas piadas, o filme dirigido por Shawn Levy é um prato cheio pra quem gosta de cultura pop, com as referências aparecendo aos montes (algumas até de forma imprevisível). Já o Ryan Reynolds não poderia estar mais à vontade no papel de um sujeito comum (até meio panaca às vezes), mas que se converterá no heroi involuntário que será necessário pra salvar o universo em que não apenas ele, mas todos os NPCs vivem. O mesmo vale para os movimentos de câmera e corporais, além do desenho de produção, que emulam de forma perfeita o ambiente de um jogo de videogame virtual. É tudo bem conectado até para que se evoque o sentimento de nostalgia nos mais veteranos e de associação direta para a geração Playstation. Ah, rolou uma indicaçãozinha ao Oscar para Efeitos Visuais. E que me parece ser justa, convenhamos.

Nota: 7,5

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