terça-feira, 8 de setembro de 2015

Novidades em DVD - Promessas de Guerra

De: Russel Crowe. Com Russel Crowe, Olga Kurylenko, Dylan Goergiades e Yilmaz Erdogan. Drama / Guerra, Austrália / EUA / Turquia, 2014, 114 minutos.

Em sua primeira incursão como diretor de cinema, o astro de Hollywood Russel Crowe não faz feio no filme Promessas de Guerra (The Water Diviner), ao tomar emprestada, como pano de fundo, a Batalha de Galipoli, ocorrida entre 1915 e 1916 na Turquia, para narrar a história de um pai que perde os seus três filhos no conflito. Como desgraça pouca é bobagem, o homem, de nome Joshua Connor (vivido com a ternura e o carisma de sempre pelo próprio Crowe), ainda perde a esposa, em um episódio aparente de suicídio. Certamente provocado pelas reminiscência do trauma de guerra. Entre um debate e outro com o padre local - que, a despeito da completa perda desse homem devastado, ainda encontra tempo para cobrar a sua ausência na igreja da comunidade - Connor promete a falecida esposa que irá enterrar os seus três filhos, ainda dados como desaparecidos entre mortos pelo conflito, ao seu lado.

Para isso empreende uma jornada em direção a Turquia, palco da batalha, para tentar encontrar alguma pista que possa levá-lo ao encontro daquilo que restou de seus três filhos. Tudo para que eles possam ser sepultados na Austrália - a sua terra natal. (lembrando que a Austrália, por uma questão ideológica, apoiou a Inglaterra no conflito, o que motiva os jovens a serem recrutados pelo serviço militar) Em Istambul, ainda que a guerra tenha chegado ao fim, não são poucas as dificuldades para que Connor chegue ao campo de batalha onde os jovens teriam morrido. A burocracia, o pouco interesse dos ingleses, vencedores do conflito, em obter algum dado, as dificuldades com a língua e de negociação com os turcos, se tornam barreiras naturais para o êxito em seu intento. Isso sem contar os mais de 30 mil mortos entre neozelandeses e australianos na ocasião.


No fim o homem obterá ajuda da gerente de um hotel local (Olga Kurylenko) - que, por uma daquelas conveniências de roteiro (tem que ter romance, não?) também aguarda dia e noite o retorno do marido, desaparecido pela guerra. Também o auxiliará o major Hasan (Erdogan), que, a despeito de ser um inimigo, se compadece do forasteiro - único a tentar localizar algum parente, mesmo quatro anos depois do fim da batalha. Em meio as andanças de Connor, o roteiro reservará boas surpresas, especialmente a partir da segunda metade - e que, evidentemente, não convêm contar aqui. Entre um flashback e outro, cada cena - fotografada em um amarelo envelhecido por Andrew Lesnie (da série O Hobbit) - servirá para demonstrar a devoção desse pai para com os seus filhos. Nesse sentido, cenas como aquela em que Connor conta uma das histórias do livro das 1001 noites para as três camas vazias, ou mesmo a que ele salva os três rapazes, ainda meninos, de uma tempestade de areia, são naturalmente tocantes - ainda que, aqui e ali, possam parecer meio forçadas.

Ainda que, eventualmente, a obra careça de um pouco mais de foco em relação ao estilo adotado - em poucos minutos somos capazes de sair de uma cena com membros decepados, sangue e vísceras, passando para uma com drama de arrancar lágrimas, até chegar em outras mais lúdicas - especialmente aquelas que envolvem o jovem Orhan (Georgiades) - é preciso que se diga que Crowe entrega um produto satisfatório no conjunto da obra. Claro que as desnecessárias cenas em câmera lenta durante os flashbacks ofuscam um pouco o resultado. Mas são os pequenos detalhes que acabam compensando no todo - sendo um bom exemplo o fato de os turcos falarem a língua local, o que revela um cuidado com a produção, mesmo para um "estreante". O que não deixa de ser o encontro de uma pequena fonte de água no deserto para quem mal começou nessa lida.

Nota: 7,0

Nenhum comentário:

Postar um comentário