segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Cinema - Nocaute

De: Antoine Fuqua. Com Jake Gyllenhall, Rachel McAdams, Forest Whitaker e Naomi Harris. Drama / Esporte, EUA, 2015, 124 minutos.

Pra quem não está ligando o nome a pessoa, Antoine Fuqua é o diretor do sensacional - e oscarizado - Dia de Treinamento (2002), que reunia Denzel Washington e Ethan Hawke em uma trama sobre policiais corruptos e problemas com a máfia russa. É um filmaço! Ainda que nunca mais tenha conseguido repetir esse alto padrão de qualidade, é preciso que se diga que Fuqua se mantém na média (ao menos dentro do estilo) com seus projetos sempre encabeçados por personagens vivendo situações limite em tramas recheadas do mais tradicional suspense policial hollywoodiano - afinal também são dele películas como Lágrimas do Sol (2003), Invasão a Casa Branca (2013) e O Protetor (2014). Todos muito bem recebidos pelo público, ainda que, em geral, a crítica torça o nariz para os dramas eventualmente forçados vividos pelos protagonistas de cada filme.

Se esse não costuma ser muito o seu estilo, melhor nem tentar assistir Nocaute (Southpaw), mais recente trabalho do diretor. Se antes a parceria foi com Denzel Washington, Bruce Willis, Gerard Butler e Mark Wahlberg, agora é a vez de Jake Gyllenhaal aparecer como o protagonista da vez. Na trama, o ator vive Billy Hope, um boxeador em ascensão, que está a 43 lutas sem perder na categoria dos leves. A reviravolta na carreira ocorrerá após uma entrevista coletiva, em que Billy é provocado por um boxeador rival. O resultado não poderá ser mais trágico, com o assassinato da ardorosa esposa do atleta (McAdams). Deprimido e desmoralizado, o boxeador ainda perderá a guarda filha, que do mesmo não quer mais vê-lo, ao mesmo tempo em que vê toda a sua riqueza material irá para as cucuias. Sim, o fundo do poço é um clichê que volta e meia aparece nos filmes de Fuqua.


Mas, como você já imagina, sim, ele dará a volta por cima - e isso não chega nem a ser um spoiler, não me levem a mal. Após conhecer o treinador Titus Willis (Forest Whitaker, no piloto automático), que possui uma academia em um bairro de periferia, Billy passará a trabalhar no local, treinando para uma espécie de recomeço. O roteiro tratará de colocar na rota do protagonista justamente o boxeador rival que esteve envolvido no caso da morte da esposa de Billy. E o melhor: a história nem se envergonhará disso, já que, claramente, não possui nenhuma pretensão de ser levada a sério, de ser reflexiva, contemplativa ou qualquer outro adjetivo do gênero para as obras consideradas "de arte". O negócio é pancadaria - aliás, muito bem filmada, com closes extremamente realistas -, sangue jorrando - a maquiagem também é digna de nota - e verborragia - impressionante o que eles conversam.

Nesse sentido, é um filme bom, ainda que sempre soe exagerada a história do "exército de um homem só", do homem que cai para se reerguer, como uma espécie de mártir que ressurge das cinzas, quando tudo parecia impossível. É um contexto, é preciso que se diga, excessivamente americanizado, que valoriza as ações solitárias e o individualismo, em detrimento do espírito filantrópico. Além de ser, em termos de roteiro, totalmente previsível. O que sempre gera justos questionamentos. Ainda assim, Gyllenhaal - a quem considero sempre competente - se empenha em entregar o melhor em seu papel. E a (aparente) dedicação do ator em relação a parte física merece destaque. A propósito, Fuqua sempre trabalha com bons atores. O problema é que os coloca diante de produções "de gênero", ainda que possam parecer sofisticadas em seus aspectos técnicos. O que, infelizmente, limita a sua qualidade.

Nota: 6,5


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