terça-feira, 1 de setembro de 2015

Novidades em DVD - Ex-Machina: Instinto Artificial

De: Alex Garland. Com Domnhall Gleeson, Alicia Vikander e Oscar Isaac. Ficção Científica, Reino Unido, 2015, 108 minutos.

Devo confessar a vocês que tenho verdadeiro fascínio pelas obras de ficção científica. Até mesmo aqueles filmes que não são assim tão elevados - do ponto de vista artístico - são capazes de me provocar algum impacto. Além de renderem ótimas sessões, com o pleno atendimento de um dos mais fundamentais propósitos do cinema: entreter. E tudo isso porque gosto de ver o ser humano em situações limite, muitas vezes criadas pelo próprio homem, e que funcionam como uma metáfora muito bem adequada para os tempos em que vivemos - plenos em avanços tecnológicos, mas também pródigos em indiferença, individualismo, consumismo e total falta de compaixão. Bom, todo esse preâmbulo pouco útil é pra dizer que Ex-Machina: Instinto Artificial (Ex-Machina), é mais um desses filmes de ficção que exemplificam tudo o que disse nesse parágrafo.

Na trama, um jovem programador de computadores chamado Caleb (Gleeson) vence uma espécie de concurso na empresa em que ele trabalha, o que lhe possibilitará passar uma semana ao lado do ricaço Nathan Bateman (Isaac) que, não por acaso, é o presidente da companhia. O objetivo do sujeito, ao selecionar Caleb, é colocá-lo em uma experiência científica relacionada a sua mais recente criação: uma robô praticamente perfeita no quesito inteligência artificial. Durante sua estada, o rapaz deverá realizar uma série de experimentos, a fim de determinar se a robô - que tem o pouco criativo nome de Ava (Eva, em inglês) - tem, por exemplo, consciência da sua condição de máquina. "Um computador que joga xadrez, por mais capaz (ou "inteligente") que seja, sabe que está jogando xadrez?", provoca Caleb.



Não bastasse o desafio de identificar esses sinais, o jovem encontrará outros obstáculos pelo caminho. A começar pelo comportamento um tanto excêntrico do dono da mansão que, como uma espécie de Big Brother, monitora tudo o que o visitante faz. A própria casa, isolada no meio do mato, fria e silenciosa, repleta de corredores cinzentos e paredes sombrias, também não parecerá um ambiente muito acolhedor. Igualmente as recorrentes quedas de energia do local, parecerão prenúncio de que algo ruim possa estar pra acontecer em sua estada. E, nesse sentido, merece elogio o trabalho do diretor estreante Alex Garland - que foi o responsável pelo roteiro do impactante Não Me Abandone Jamais - por conseguir construir uma trama que mantém o suspense e a curiosidade sobre os caminhos a serem tomados pela história, do início ao fim da obra.

Ava (Vikander) parece ter algum segredo e usa de métodos de sedução - o que nos remete imediatamente ao espetacular Ela, outro filmaço de ficção científica - para tentar se aproximar e, consequentemente, ganhar a confiança do rapaz. Que passa, inclusive, a ter dúvidas a respeito de sua própria condição. [SPOILER ALERT: só leia a partir daqui se você já viu o filme e não quer ter alguma surpresa estragada!] Amparado por uma série de contrapontos interessantes - a casa moderna em meio a floresta e as rochas, a tecnologia avançada, mas que serve para rodar canções como o hit oitentista Enola Gay do OMD, a ausência de sinal de celular, as citações ao Ghostbusters e a obra do pintor Jackson Pollock entre outros - o filme organiza todas as peças para mostrar ao espectador, no terço final, que a tese de Bateman aparentemente estava correta. Ainda que a descoberta se dê da maneira mais impactante (e trágica) possível.

Nota: 8,0


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