Desde que entregou ao mundo o elogiado Bon Iver, Bon Iver (2011), Justin Vernon estabeleceu a sua sonoridade como uma espécie de sinônimo para melodias invernais (mas calorosas), de tintas introspectivas e delicadas, mas que pareciam crescer mesmo em um cenário minimalista. Elogiado pela crítica, o artista se viu estimulado a expandir sua música para além dos limites do folk econômico, que parecia saído de uma temporada de solidão no meio da floresta. O que o levaria a acrescentar, em discos como 22, A Million (2016), elementos e colagens eletrônicas, cordas mais esvoaçantes e um clima mais experimental como um todo - em uma experiência menos óbvia e um tanto existencialista. O que não mudou na trajetória? O desejo de construir canções sofisticadas, de arranjos sublimes e letras repletas de divagações fantasmagóricas, que nem sempre são facilmente compreensíveis.
E é aí que entra SABLE, fABLE, que é apenas o quinto disco de inéditas do Bon Iver em quase vinte anos de carreira - e que preserva a melancolia de soft rock setentista, que se mistura com o soul contemporâneo e o R&B refinado. E que conduz o ouvinte da melancolia à euforia, por vezes na mesma música. Talvez um pouco mais expansivo do que em outros trabalhos, o artista conecta pontos geográficos, estradas e espaços para uma série de reflexões sobre a necessidade de aceitar mudanças (AWARDS SEASON), a respeito da alegria de estar vivo (Everything Is Peaceful of Love) ou mesmo sobre o simples fato de chegar em casa e ter alguém pra amar (Walk Home). Há um aconchego no todo, mesmo quando há alguma estranheza - como no caso da bela If Only I Could Wait, que tem participação de Danielle Haim, e que parece saída de algum disco de new age dos anos 90. O peso emocional e a vulnerabilidade seguem como marcas. Mas há espaço para que os raios de sol apareçam.
Nota: 8,5
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