terça-feira, 6 de junho de 2023

Pitaquinho Musical - Foo Fighters (But Here We Are)

Frida Kahlo já dizia que "a arte mais poderosa da vida é fazer da dor um talismã que cura" - e, bom, não dá pra negar que But Here We Are parece ter sido o veículo ideal para que Dave Grohl, o vocalista do Foo Fighters, tentasse exorcizar a tristeza não apenas pelo falecimento de seu companheiro de banda, o baterista Taylor Hawkins, mas também de sua mãe, Virginia. Foram quatro meses entre uma morte e outra e, pro bem ou pro mal, os episódios trágicos parecem ter contribuído para que viesse à tona o melhor Foo Fighters dos últimos tempos. Não, não há nenhuma revolução aqui. E muito provavelmente ninguém vai se tornar fã de Grohl e companhia por conta desse décimo primeiro trabalho. Mas, em alguma medida, essa também parece ser uma forma de afagar os fãs. De lembrá-los de que eles ainda estão ali. E de que talvez continuar possa ser o caminho pra que as perdas sejam superadas.



De forma discreta, a banda não concedeu muitas entrevistas sobre o disco ou deu detalhes sobre as letras e seus significados. Mas não é preciso ser nenhum expert pra perceber que temas como luto, memórias, saudade e outros se espalham por todos os cantos. Um bom exemplo desse expediente pode ser percebido em singles como Under You, que tem aquele quezinho de Foo Fighters das antigas, com direito a ponte que leva pro refrão ganchudo, que se soma a barulheira agridoce que não faria feio em meio a canções do álbum There Is Nothing Left to Lose. A letra autoexplicativa (Alguém me disse que nunca mais veria seu rosto / Parte de mim não consegue acreditar que é verdade) é daquelas capazes de unir plateias mundo afora, afinal de contas, quem nunca lidou com perdas? Talvez desde Wasting Light (2011) os Foos não lançassem um disco tão vigoroso, límpido, liricamente belo e até esperançoso - daquele tipo que todos os atos parecem fazer sentido, como atestam as ótimas Show Me How e Rescued.

Nota: 8,5


Nenhum comentário:

Postar um comentário