De: Sam Raimi. Com Bill Paxton, Billy Bob Thornton, Bridget Fonda e Brent Briscoe. Suspense / Drama, EUA / Alemanha / França / Reino Unido / Japão, 1998, 121 minutos.
"Mas a ambição do homem é tão grande que, para satisfazer uma vontade presente, não pensa no mal que daí a algum tempo pode resultar dela." (Maquiavel)
No caso de Um Plano Simples (A Simple Plan), talvez o melhor filme do diretor Sam Raimi - que tem uma carreira meio irregular entre filmes de terror e produções baseadas em quadrinhos -, esse limite é testado quando Hank (Bill Paxton) e o seu irmão mais velho Jacob (Billy Bob Thornton, em atuação comovente) e mais o vizinho Lou (Brent Briscoe), encontram por acaso, numa região isolada do condado de Wright County, em Minnesota, um avião acidentado (escondido embaixo de uma grossa camada de neve). Até aí tudo bem, ao menos até o momento em que o trio resolve investigar o interior da aeronave e descobrem que o piloto não apenas está morto, como deixou uma enorme mala de dinheiro, contendo nada menos do que US$ 4,4 milhões de dólares. Tudo em notas de cem. A atitude mais correta seria a de avisar a polícia, claro - no filme representada pelo xerife Carl (Chelcie Ross). Bom, mas aí não haveria filme se tudo fosse tão simples né?
Voto vencido, Hank, um modesto contador de uma fábrica de rações que está esperando junto com a sua mulher Sarah (Bridget Fonda) - uma bibliotecária local - o primeiro filho, aceita que eles retenham a bolada, mas desde que o dinheiro fique em sua posse. O sujeito teme que nas mãos de Lou, um desempregado beberrão (e que adota fazer confusão) ou mesmo com Jacob, seu irmão que parece ter algum grau leve de deficiência (talvez esteja no espectro autista, nunca fica exatamente claro), possa dar alguma m**** que lhes incrimine. A ideia é aguardar o inverno passar para, ao final da estação, com a neve derretendo, esperar pela natural localização do avião. E, se ninguém falar uma linha que seja sobre o dinheiro, ficar com ele. É claro que a gente sabe que nem tudo será tão simples quanto parece e o roteiro é muito engenhoso em manter o interesse mesmo estando diante de um fiapo de história.
Hank, por exemplo, é convencido por Sarah a levar uma certa quantia de dinheiro de volta ao avião, pra não dar tão "na cara" assim em relação às autoridades locais. Só que tudo dá errado quando o homem convida Jacob pra ir junto - com eles sendo encontrados, por acaso, por um outro vizinho. O comportamento de Lou, desesperado por conseguir algum dinheiro em meio a ruína financeira e a um casamento em frangalhos também complicará tudo. E tudo piora quando Sarah descobre uma notícia no jornal que dá conta da história que envolve o sequestro de uma herdeira milionária (a origem do dinheiro, ao cabo). E tudo é absurdamente bem costurado, com a tensão sendo mantida com estratégias inteligentes, que vão desde a utilização de abutres que insistem em sobrevoar o local do acidente (há uma sequência bem no início que envolve o piloto do avião que é simplesmente notável) até chegar ao sentimento palpável de frio da alma e de desolamento proporcionado pela nevasca constante e pelos cenários desalentadores. É uma obra simples, mas extremamente bem executada e que ainda possui uma das mais devastadoras conclusões do cinema recente.
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