segunda-feira, 21 de setembro de 2020

Novidades no Now/VOD - #Alive (#Salaidda)

De: Jo II Hyeong. Com Jon Hoo, Yoo Bin e Joen Bae Su. Drama / Ação / Thriller, Coréia do Sul, 2020, 98 minutos.

Resolvi aderir ao hype e assistir ao tão falado #Alive (#Salaidda) e, bom, fazia alguns bons pares de meses que eu não me sentia verdadeiramente perdendo tempo ao conferir um filme. Não é minha intenção ser injusto na resenha mas, pra começar, a obra dirigida por Jo II Hyeong me pareceu um grande "mais do mesmo". Não há absolutamente NADA que oxigene efetivamente o subgênero "filmes de zumbis" - e quem porventura já tenha acompanhado alguns punhados de episódios de The Walking Dead encontrará aqui um grande senso de repetição. E devo admitir pra vocês que o começo parecia promissor, especialmente por estabelecer diálogo com o drama que estamos vivendo atualmente, provocado pela Covid-19: obrigado a ficar em casa por tempo indefinido, um jovem (Yoo Ah In) precisa lidar com um vírus que está infectando toda a população, que está sendo transformada em zumbis ágeis que vertem sangue pelos olhos e que reagem agressivamente.

A premissa é interessante apenas - e tão somente apenas - pela necessidade do jovem de ficar em casa. Se sair para a rua poderá ser atacado por zumbis que, rapidamente, ocupam as ruas. Na vizinhança, e mesmo nos corredores dos prédios, os mortos vivos já perambulam, esperando uma brecha para atacar - o que acontecerá mais de uma vez, colocando o protagonista em risco. Ter de esperar será a grande angústia. O risco de ficar sem comida, sem água. Não ter notícias dos familiares, que haviam saído justamente no dia em que o surto começou. Muito mais do que estar preocupado em ser mordido por um zumbi, o protagonista tem de lidar com os demônios interiores. Com os dias que parecem não ter fim, em meio a jogos de videogame fastidiosos e a observação dos eventos que ocorrem pela vizinhança - numa espécie de Janela Indiscreta zumbi. E admito a vocês que, até esse momento, no terço inicial, estava achando a condução da narrativa bastante instigante e, até, vá lá, inovadora.


Mas a partir da segunda parte a coisa descamba para aquilo que, muito provavelmente, os fãs do gênero aguardam ansiosamente: perseguições, violência, correria. Edição frenética, trilha sonora barulhenta, caótica. Fotofrafia saturada e desordenada. Um pouco mais de perseguição. Um pouco mais de correria. Mais algumas doses de zumbis trôpegos, ainda que ágeis, perpetrando ataques. Gemendo. Agonizando. Aliás, até os barulhos feitos pelos mortos vivos são absolutamente idênticos aqueles vistos na já citada The Walking Dead. A maquiagem também, a forma como se comportam. O jovem que protagoniza o filme deve lutar para sobreviver. Como ocorre em todos os filmes do gênero. E, aqui, admito a vocês o fato de ter me decepcionado profundamente o fato de a obra ser apenas um filme de ação besta. Sem um pano de fundo que explicasse melhor a doença. Sem algum tipo de metáfora que pudesse nos auxiliar em algum tipo de análise sociopolítica do contexto vivido naquela Coréia do Sul distópica. O diálogo com o coronavírus termina num instante. Só restando o frenesi bobo da luta pela sobrevivência. Com direito até mesmo a uso de câmeras lentas e jump scares aleatórios.

Talvez seja apenas eu que esteja me tornando um velho ranzinza e vai ver a garotada, de fato, tenha curtido esse filme. Mas o caso é que pouquíssima coisa funciona. A aparição de uma misteriosa vizinha que surge como par romântico involuntário do protagonista só serve para gerar mais constrangimento. Aliás, nada mais estúpido do que a dupla conversando por walkie talkie e percebendo que, nossa, gostam de comer o Nissin Miojo de forma parecida, com os mesmos ingredientes. Tão apaixonante. Só que não. Ao cabo de tudo a obra é apenas escapar e escapar e lutar para sobreviver. Sim, muito provavelmente não haveria muita explicação para um apocalipse zumbi, mas eu sentiria o filme mais COMPLETO com um pouquinho mais de contexto. E também com um pouquinho mais de interpretação de qualidade, já que, vamos combinar que o Jon Woo é simplesmente péssimo com suas caras e bocas. A Netflix tem sido "acusada", ultimamente, de entulhar o seu catálogo com um amontoado de filmes e séries de gosto duvidoso. Alguém precisa alertar os executivos da plataforma de que qualidade é muito melhor do que quantidade. Senão precariedades como esse #Alive, persistirão poluindo o algoritmo. E gerando um falatório quase inexplicável.

Nota: 3,0

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