segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

Oito Considerações Sobre o Oscar 2020

O Oscar foi ontem no final da noite e ele segue rendendo conversa no dia seguinte a premiação. Seguem as nossas considerações!


1) Acho que não há quem não tenha ficado surpreso, maravilhado, feliz, com a vitória de Parasita - que desbancou o favorito 1917. A celebração à obra sul coreana, que faturou o prêmio máximo da noite, representa uma quebra de paradigma histórica, já que jamais um filme estrangeiro havia vencido na categoria Melhor Filme. E isto pode representar uma abertura de "portas" para a produção estrangeira, com a Academia cada vez mais prestando atenção naquilo que se faz no cinema, ao redor do mundo. O próprio diretor Boon Jong-ho já havia brincado sobre isso ao vencer o Globo de Ouro ao dizer a já histórica frase "quando vocês superarem a barreira das legendas, descobrirão filmes incríveis". Pois é, pode ser o começo!

2) E se Parasita foi o grande vencedor da noite - foram quatro estatuetas (além de Filme, Filme Estrangeiro, Diretor e Roteiro Original) -, O Irlandês foi o maior derrotado: saiu de mãos abanando, a despeito das 10 indicações ao Oscar, em nove categorias distintas.

3) No mais foi um Oscar sem muitas surpresas, com as premiações sendo divididas entre vários filmes. Jojo Rabbit, por exemplo, pegou Roteiro Adaptado. Já Ford v. Ferrari, Montagem e Edição de Som. Adoráveis Mulheres, Figurino. Era Uma Vez em Hollywood, Ator Coadjuvante (Brad Pitt) e Desenho de Produção. E por aí vai. Se alguém deve ter se sentido derrotada nesta edição, certamente foi a equipe de 1917, que até ganhou prêmios técnicos, mas imaginava alçar voos mais altos, certamente.

4) Sobre as categorias de interpretação foram a barbada da noite, no Bolão, já que até aquele seu vizinho que não dá muita bola pro Oscar, sabia que Joaquin Phoenix (por Coringa) e Renée Zellweger (por Judy), faturariam o prêmio. Sobre Phoenix, havia uma grande expectativa pelo seu discurso - tem sido a marca registrada dele, na temporada -, e apesar de se embolar em meio a vários assuntos, acho que valeu a pena. Em sua fala, valorizou a oportunidade dada pela indústria de usar a voz para os que não têm voz. "Acho que às vezes sentimos ou somos feitos para sentir que defendemos causas diferentes. Eu acho que, se estamos falando de desigualdade de gênero, racismo ou direitos LGBTQI, direitos indígenas ou direitos dos animais, estamos falando sobre a luta contra a injustiça", enfatizou, para aplausos de todos.


5) Não deu pra Petra Costa que fez uma campanha bonitaça, levando ao conhecimento do mundo a história sobre o Golpe no Brasil, que resultou no maravilhoso documentário Democracia Em Vertigem. Ganhou o favorito Indústria Americana, que tem uma história sobre a importância da sindicalização em meio ao enfraquecimento de direitos trabalhistas (e os minions ficaram tão preocupados em celebrar a derrota do filme brasileiro, que nem perceberam que o vencedor é tão ou mais esquerdista/comunista/marxista ou outra alcunha que eles queiram dar, quando o Democracia).

6) Foi uma cerimônia leve, com ótimo andamento e bastante musical. Além das apresentações das canções originais - e adorei que o Elton John ganhou -, também houve a participação especialíssima de Eminem (cantando Lose Yourself) e da estrela Billie Eilish (cantando Yesterday dos Beatles, durante o In Memorian). E, falando em quebra de paradigmas, houve mais uma neste ano, quando a maestrina Eímear Noone apareceu para conduzir a orquestra que tocou cada um dos trechos das trilhas sonoras originais. Acreditem: em 92 anos de Oscar, nunca uma mulher havia conduzido a orquestra.

7) No mais, o clima de bom humor também dominou a cerimônia e confesso que me diverti bastante com Chris Rock e Steve Martin que fizeram um mini monólogo de abertura e brincaram com o fato de de terem gostado, por exemplo, da primeira temporada de O Irlandês.

8) E deixo aqui um último pitaquinho: procurem assistir os indicados nas categorias de Curta. Quaisquer deles. Tem cada achado que vale muito a pena. Como é o caso de Hair Love, que faturou a estatueta de Melhor Curta de Animação.

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