segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

Sete Considerações Sobre o Globo de Ouro

O Globo de Ouro, como vocês bem sabem, foi na noite de ontem. E, aqui no Picanha, a gente faz algumas considerações sobre a premiação que, a despeito do descrédito que vem tendo nos últimos anos, acaba sendo um dos termômetros para o Oscar.

1) Pela quinta vez a apresentação foi do Ricky Gervais e, por conta de seu ácido monólogo de abertura, as redes sociais estavam em polvorosa na madrugada de ontem - e na manhã de hoje. Aliás, alguns setores de direita - e até onde sei o britânico é um democrata -, consideraram as frases proferidas pelo comediante, um ataque direto a essa "esquerda cirandeira que está aí". Bom, eu devo ser muito burro para não entender como um ataque DIRETO ao Governo Trump, uma frase como "vamos rir, afinal de contas vamos morrer logo né?". Ou mesmo uma crítica à hipocrisia das classes mais abastadas - sim, atores de Hollywood também são esses, né? -, quando ele afirmou que eles "poderiam guardar os discursos políticos, apenas agradecer seu Deus e irem embora". Sim, alguns consideraram estúpidas ou exageradas, piadocas bobas como a que dizia respeito a uma eventual sequência de A Escolha de Sofia. Eram apenas piadas, afinal. Só não entendi a excitação das "famílias de bem". Ainda mais levando-se em conta que a MELHOR PIADA disparada do monólogo, foi a que envolvia casos de pedofilia na Igreja Católica, ao citar o filme Dois Papas. Um achado!


2) Ainda sobre discursos, palmas de pé para Michelle Williams que fez uma fala poderosa sobre a importância da causa feminista, ao receber o prêmio pela sua atuação na minissérie Fosse/Verdon. "Sei que minhas escolhas talvez pareçam diferentes das suas. Mas graças a Deus, ou a quem quer que você reze, vivemos em um país fundado no princípio de que sou livre para viver segundo minha fé e você é livre para viver segundo a sua. Mulheres de 18 a 118 anos, quando for o momento de votar, façam isso de acordo com seus próprios interesses. É o que os homens têm feito há anos, e por isso o mundo se parece tanto com eles", lembrou ela, quase que suplicando por uma política com menos misoginia (e menos Trump)

3) Nunca pensei que fosse admitir isso, mas foram absurdamente emocionantes as entregas dos prêmios Carol Burnett, para a apresentadora Ellen Degeneres e Cecil B. Demille, para Tom Hanks. Em ambos os casos a Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood reconheceu a carreira consagrada dos artistas e sua relevância no mundo do entretenimento. No caso de Ellen, por levantar a bandeira LGBTQ+ desde jovem, ainda nos anos 90 enfrentou preconceitos, cancelamentos de shows e de contratos, antes de se consagrar como uma das maios importantes figuras do show business americano. Em tempos turbulentos de ódio, de preconceitos e de intolerância saindo do armário - e legitimados por políticos estúpidos -, não deixa de ser um respiro.

4) Sobre os vencedores da noite foi uma baita surpresa a vitória do 1917, de Sam Mendes, superando os favoritos O Irlandês e Joker na categoria Filme Drama. Aliás, a vitória de Mendes como diretor também foi pra derrubar o bolão, já que ele deixou para trás Tarantino, Scorsese e até Boon Joon-hoo que, com seu Parasita, corria por fora. Já na categoria Filme Comédia ou Musical nenhum surpresa: deu Era Uma Vez em... Hollywood, na cabeça.


5) Falando em Parasita, na categoria Filme em Língua Estrangeira deu a lógica. Aliás, na hora de fazer as apostas para o Oscar, pode colocar o coreano como vencedor.

6) Nas premiações voltadas as séries ou as minisséries para a TV, me dei conta que ainda estou meio atrasado em relação a algumas produções que ainda não assistidas - casos de Chernobyl e Sucession, que faturaram o prêmio máximo em suas categorias. Outra que já está na fila é Fosse/Verdon, já citada anteriormente. Entre aquelas que assistimos e adoramos faturarem prêmio, Fleabeg (claro!), e The Act, que deu à Patricia Arquete o prêmio na categoria "melhor atriz em série que ninguém viu" (aliás, em breve a série figurará no nosso Picanha em Série).

7) Por fim, todo mundo celebrou a vitória de Joaquin Phoenix em sua categoria. Mas confesso que gostei TAMBÉM dos outros vencedores, especialmente Taron Egerton, que honrou a lendária figura de Elton John com sua entrega em Rocket Man. Awkwafina por Atriz em Comédia ou Musical no delicado The Farewell e Laura Dern como coadjuvante em História de Um Casamento também foram boas "surpresas" em categorias que eram meio indefinidas.


Bom, a temporada de premiações está só começando. E, pra vocês, qual foi o ponto marcante da noite?


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