sexta-feira, 10 de maio de 2019

Grandes Cenas do Cinema - Alien: O Oitavo Passageiro (Alien)

Cena: adivinhe quem vem para jantar...

Um dos grandes filmes de ficção científica / suspense da história, Alien: O Oitavo Passageiro (Alien) possui, a meu ver, a mais surpreendentemente aterradora sequência de todos os tempos no cinema. Sem exagero! Esqueça baboseiras como Atividade Paranormal e outros derivados que apostam em sustinhos jumpscares - aquela cena da bigorna caindo ou do gato que surge do nada. Aqui temos a construção de uma atmosfera que envolve todo o filme e que culminará na famosa cena do jantar em que, com quase uma hora de filme, a tripulação da Nostromo passa a ter uma ideia REAL do perigo que estão passando. A sequência é primorosa por subverter completamente a lógica e apostar no inesperado como matéria-prima. Ao menos foi assim que me senti a primeira vez que assisti a essa obra-prima do Ridley Scott - em seu segundo filme - sem saber o que iria ocorrer!

Para quem não lembra da cena, a equipe da Nostromo está retornando para casa após uma missão de coleta de material especial, quando recebe algum tipo de comunicação vinda pelo receptor da nave. Após um pouso meio arriscado no planeta de onde parte o sinal, parte da equipe é surpreendida com a existência de um ninho com ovos de que parece ser de uma espécie alienígena. É neste momento que Kane (John Hurt) é atacado no rosto por uma espécie alienígena que se gruda nele. Em coma após o ataque e, ainda com o "bichano" no rosto, Kane é levado de volta para a nave. Após algum tempo o ser se desgruda, morre e Kane volta a vida, com muita sede e com muita fome. Todos estão animados no jantar, rindo e fazendo projeções para o futuro - e acho que para mim é isso que pega nessa sequência em que Kane passará mal, revelando o fato de que, na verdade, estava gestando em seu corpo um ser de outro planeta.



A sequência é absurdamente sangrenta, dolorida, comovente. Sem reação, os companheiros assistem Kane definhar com o ser que salta de seu peito, praticamente estraçalhando seu corpo já fragilizado. O alienígena foge para o seu canto e, bom, todos sabem o quão tensa será aquela hora final, em que Ripley (Sigourney Weaver) e companhia precisam lidar com esse "probleminha". Bom, é preciso que se diga aqui o óbvio: o filme não se resume somente a essa cena. E se ela funciona tão bem é porque há toda uma construção de clima por trás. O desenho de produção, por exemplo, é arrebatador, tornando a nave um espaço claustrofóbico em que a textura de suas engenhocas chega a se misturar com a própria figura do vilão. Já a edição de som, com o uso do som diegético, com correntes, água que pinga e outros barulhos, também contribui para a formação de uma atmosfera de tensão permanente. Enfim, a gente sabe que algo de ruim está para acontecer a qualquer momento. Valendo o mesmo para a cena do jantar em que todos alegres, confiantes no retorno para casa, percebem que a viagem será (ainda) mais longa do que imaginavam. De arrepiar!


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