A propósito, o entusiasmo que Anne tem pela vida é algo absolutamente apaixonante. Quase comovente. Não são poucas as sequências em que ela se vê contemplando a paisagem idílica - sem deixar de professar o seu encanto, claro - ou recordando alguma passagem da literatura que, para ela, seja fascinante, vívida, plena de sentido. Exímia oradora, a jovem está o tempo todo surpreendendo o espectador com frases deslumbrantes, como, "amigos verdadeiros sempre estão junto em espírito", "a vida vale a pena de ser vivida desde que haja risada nela" ou ainda "não é maravilhoso que cada dia possa ser uma nova aventura?". Anne fala muito. E, invariavelmente são frases cheias de significados, complexas, ricas. Assistir a Anne With An E é, no fim das contas, redescobrir o prazer pelas coisas simples da vida. (e ter uma pequena aula de literatura)
O que não quer dizer que não haja problemas. As dúvidas sobre a permanência em Green Gables, a maturidade que se aproxima (bem como as paixões), as amizades que podem ser interrompidas por algum comportamento inadequado... mesmo os assuntos mais prosaicos são tratados de forma tão solene quanto divertida (e quando você perceber já estará rindo junto com as garotas em digressões sobre temas como menstruação). E, ainda assim, por mais que o formato (e até os lindos cenários e fotografia) remeta a algum tipo de fábula que não sabemos qual, lá estarão temas relevantes como o papel da mulher na sociedade, o preconceito com gays, órfãos, negros e outras minorias, as diferenças sociais e a importância das artes e da cultura no caráter e na formação do sujeito. No fim das contas é uma série tão bonita que as palavras - tão caras à própria Anne - jamais parecem ser suficientes.
E há ainda os apaixonantes atores que interpretam cada uma das figuras que vemos em cena. A começar pela atriz Amybeth McNullty, que interpreta a protagonista e que, sabe-se lá saída de onde (com seus cabelos ruivos, sardas e olhar decidido) não poderia ser mais perfeita para o papel. Já Geraldine James e R. H. Thomson são os irmãos com personalidades diametralmente opostas mas que, ali adiante, dispensarão o mesmo zelo, pela carismática e romântica protagonista. E há um grande grupo de jovens que interpretam os amigos e colegas e que, dotados de personalidades complexas, apenas enriquecem a trama. A gente não costuma pedir para que vocês assistam as séries que indicamos aqui no Picanha em Série. Mas em um mundo tão cheio de ódio, de preconceito e de intolerância, façam um favor a si mesmos: assistam Anne With An E com o coração leve e deixem aflorar aquilo que de melhor há dentro de vocês. Temos a certeza de que vocês não se arrependerão.
Tá bom, me convenceste. Vou lá assistir.
ResponderExcluirAmei Amei amei essa série! Adorei o texto, exatamente assim. Anne é apaixonada pela vida e sua relação com ela é incrível! Anne é contagiante e apaixonante!
ResponderExcluirQuerida Toti, que satisfação te ver aqui nos comentários do Picanha! Confesso que lembrei de ti ao publicar o texto, especialmente pela conversa prévia que tivemos esses dias sobre essa tão simpática série. Volte sempre! =)
Excluirparabéns pelo texto e indicação, enxergar com os olhos da empatia é privilégio
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