quarta-feira, 30 de maio de 2018

Pérolas da Netflix - Toc Toc (Toc Toc)

De: Vicente Villanueva. Com Oscar Martínez, Rossy de Palma, Paco León, Alexandra Jiménez, Ana Rujas e Adrián Lastra. Comédia, Espanha, 2017, 99 minutos. 

Antes de começar essa resenha eu preciso ir direto ao ponto: poucas vezes na minha vida eu ri tanto assistindo a uma comédia como no caso desse Toc Toc (Toc Toc). Mas não estou falando de sorriso com o canto da boca - como a gente faz quando assiste aos filmes com o Adam Sandler - e sim de gargalhar de chorar de rir, quase de maneira incontrolável. E, particularmente, fico muito feliz quando posso indicar alguma comédia porque, vamos combinar, do jeito que andam as coisas, com tanta desesperança por dias melhores, com tanto caos instaurado, é quase um alento poder encontrar algum motivo, qualquer que seja, para sorrir. E, quem acompanha o Picanha a mais tempo sabe que, aqui, não falta engajamento ou indicação de obras e artistas que rompam com o status quo, que questionem, que provoquem ou que saiam da zona de conforto. E é justamente por isso que, hoje, abriremos essa exceção, afinal de contas, rir também é bom, faz bem.

Toc Toc é, como o próprio nome sugere, um filme sobre pessoas com transtornos obsessivos compulsivos - tipo de perturbação mental provocada por impulsos que nos geram ansiedade ou mal-estar. Entre as mais comuns estão o medo da contaminação por germes que podem levar a doenças, a necessidade de confirmar repetidamente as coisas, falar mais de uma vez a mesma frase ou a tendência organizar objetos em determinada ordem. E é justamente esse o caso dos seis protagonistas da película que, reunidos na sala de espera de um psiquiatra, se verão forçados a encarar os seus problemas para tentar resolvê-los. Mais ou menos como uma espécie de terapia de grupo, uma vez que o médico que deveria lhes atender está em viagem e, no fim das contas, nunca chega.



A história é simples e se passa sempre no mesmo ambiente - a sala de espera do consultório do psiquiatra. Mas o que a torna absolutamente divertida é a forma com que humaniza as fobias que, por mais sérias que possam parecer, são possíveis de serem tratadas - e podem ser inerentes a cada um de nós. Entre os pacientes está Federico (Oscar Martínez) que, com Síndrome de Tourette, solta palavrões e impropérios nas horas mais inadequadas - e não é por acaso que algumas das sequências mais engraçadas da película são com ele. Blanca (Alexandra Jiménez) com mania de limpeza e a religiosa Ana María (Rossy de Palma), que verifica diversas vezes se desligou o gás ou as luzes antes de sair de casa, também têm ótimos momentos. Só que nada funcionaria se não fosse um roteiro espertíssimo, que aposta em diálogos inteligentes e cheios de comentários sociais valiosos sobre a importância de se respeitar o "diferente". É uma Pérola, sem dúvida.

Outro ponto que merece destaque e que torna o filme diferente de tantos outros do gênero é a ágil edição - e é muito provável que uma montagem preguiçosa não conferisse à obra o "frescor" e a urgência que ela apresenta. Misturando ainda elementos de outros gêneros - suspense, drama -, mas sem se levar a sério demais, Toc Toc ainda tem um outro elemento que o torna uma comédia fundamental: o de nos possibilitar assistir de camarote a tantos atores talentosos - Martínez (de O Cidadão Ilustre), Palma (que integrou o elenco de tantos filmes de Almodóvar) - claramente se divertindo em uma comédia imprevisível, debochada, sarcástica, irônica e que ainda conta com uma pequena (e até previsível) reviravolta no final. Em nossa história cinéfila já assistimos a grandes comédias, como Quanto Mais Quente Melhor (1959) e Apertem os Cintos O Piloto Sumiu (1980), pra ficar em dois exemplos. O tempo dirá se o que falo aqui é exagero: mas Toc Toc é tão engraçada quanto as comédias clássicas aqui citadas.

5 comentários:

  1. Obrigada pela resenha! Muito boa! Assisti ao filme e pude rir e perceber que temos que conviver com os nossos defeitos (e dos outros!).

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  2. Adorei o filme principalmente o final 👏👏👏 respeito também é conviver .

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  3. Fui assistir despretensiosamente e me surpreendi. A mesma sensação do autor do texto eu tive:a de ter presenciado um espetáculo em forma de comédia com atuações hilarias e precisas de grandes atores. Risos risos risos

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  4. EU TENHO MANIA DE CONFIRMAR AS COISAS VÁRIAS VEZES.

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  5. Parece Zorra Total. Consegui ver 10 minutos

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