quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Grandes Cenas do Cinema - O Sexto Sentido (The Sixth Sense)

Filme: O Sexto Sentido
Cena: I see dead people...

Sobre a produção atual do diretor indiano M. Night Shyamalan pode-se falar muita coisa: que seus filmes não são impactantes como os do início da carreira, que os roteiros deixam a desejar em uma série de aspectos, que ele repete ideias e, ainda por cima, é mal sucedido na condução de atores. Mas, quando o assunto é O Sexto Sentido (The Sixth Sense), segundo filme do indiano, pode-se dizer que há certa unanimidade na avaliação desta como uma obra absolutamente criativa, surpreendente, com ótimas interpretações e uma série de detalhes capazes de enriquecer a narrativa.



Lançado em 1999, o filme se beneficiou da completa inexistência das redes sociais - e da internet como um todo - para promover uma verdadeira comoção coletiva, sem spoilers instantâneos, quando da descoberta por parte dos espectadores do que acontecia verdadeiramente, na trama, com o psicólogo infantil Malcom Crowe, interpretado de maneira tocante por Bruce Willis. Com habilidade ímpar para enganar o espectador, Shyamalan mostra a "morte" de Crowe já na primeira sequência, quando um de seus pacientes, num surto de esquizofrenia, invade a sua residência com o objetivo de o assassinar. Mesmo VENDO a cena, acreditamos no fato de ele ainda estar vivo e recuperado, quando o filme promove um salto no tempo, para mostrá-lo em um novo momento, em que se dedica ao caso de um garoto de oito anos (o incrível Haley Joel Osment), que tem dificuldades de entrosamento no colégio, parecendo guardar, ainda, algum tipo de segredo.

O "segredo" é revelado em uma das cenas mais conhecidas, imitadas, parodiadas, inesquecíveis (e aterrorizantes, claro!) do cinema moderno: o momento em que o menino revela, para o seu psicólogo o fato de ver "pessoas mortas" - no caso, a famosa frase i see dead people. Reassistir o filme, já com o mistério solucionado, e constatar que a sentença é direcionada a um sujeito que está morto sem saber, é daqueles momentos que nos fazem sorrir de orelha a orelha - reconhecendo nesse instante a capacidade do cinema de não apenas entreter, mas de envolver, de nos conectar emocionalmente, de nos fazer crer em verdades que não existem pela simples magia de uma construção fílmica absolutamente perfeita. E, nesse sentido, a cena final, quando ocorre a queda da aliança e Malcom entende a sua condição, também permanece inesquecível para qualquer cinéfilo. Após O Sexto Sentido, Shyamalan dirigiu uma série de filmes bons - Corpo Fechado (2000), A Vila (2004) e a Dama na Água (2006) -, outros médios - Sinais (2001), A Visita (2015) - e alguns lamentáveis - Depois da Terra (2013), Fim dos Tempos (2008). Mas a magia provocado pela obra com o garotinho que via gente morta - que, numa espécie de paradoxo, se tornou a sina do indiano -, jamais seria repetida novamente.

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