terça-feira, 5 de abril de 2016

Disco da Semana - Weezer (White Album)

Para quem tem 34 anos, caso deste jornalista e blogueiro que vos escreve, escutar o mais recente lançamento do Weezer é mais ou menos como ler um novo gibi da Turma da Mônica. Mas não aquela Turma da Mônica jovem, adolescente, enfim, que foi criada mais recentemente. Falo daquela turminha raiz, da Magali e sua fome insaciável, dos planos infalíveis do Cebolinha, do Cascão sempre fugindo do banho e da Mônica dando umas boas coelhadas nos dois, com a sua indefectível força, de história em história. É uma galerinha que, eternamente, terá seis anos de idade. E permanecerá em nossos corações da mesma maneira, sendo adorável por gerações e gerações - ao menos é assim que a gente espera. O problema somos nós, que crescemos. Que passamos a ter outras preocupações, trabalho, faculdade, vida adulta. Outros gostos, preferências. Faz parte da formação de cada um.

Já a banda de Rivers Cuomo, parece presa em uma cápsula do tempo em que eternamente estamos no ano de 1994 - ano de lançamento do sensacional Blue Album, registro de estreia do quarteto. O clima power pop garageiro, os refrões fáceis, o estilo de cantar ao mesmo tempo urgente e melancólico de Cuomo, os álbuns curtos, diretos, nada parece mudar no sistema de produção do grupo. Está tudo lá, praticamente desde o começo. A fórmula pouco muda. Não significa que seja ruim. É divertido. Talvez em muitos casos até lúdico. Assim como a Turma da Mônica, seguimos gostando e sabendo que as revistinhas estarão lá, ao alcance de nossas mãos, em alguma banca de esquina. Mas muito provavelmente será aquele material que escutaremos (ou leremos), talvez uma ou duas vezes, até percebermos que a MTV não passa mais o clipe de Black Hole Sun do Soundgarden nas tardes juvenis em que o Gás Total era o principal veículo de comunicação do momento.




Sério Rivers, gostamos de você. És um cara simpático, bom músico e, por mais paradoxal que, hoje, isso possa parecer, também contribuíste para a formação daquilo que gosto de apreciar na seara cultural - e que embasa essas resenhas de quem pouco sabe, mas gosta de dar pitaco. Lembro até hoje do João Gordo dizendo em tom jocoso, durante o programa Piores Clipes do Mundo, o mantra "Quem não gosta de Weezer, bom sujeito não é", enquanto rodava o clipe de Buddy Holly, talvez um dos favoritos da vida. Mas custaria quem sabe arriscar um pouco mais? Experimentar? Alterar levemente o estilo melódico do grupo? Sair um pouquinho da zona de conforto? Como fez, por exemplo o Supergrass, em algum momento, em seu processo de amadurecimento musical? Ou mesmo o The Cribs? Ou, melhor ainda, o Green Day - pra citar uma banda que surgiu no mesmo ano do Weezer, e que, atualmente, parece outra coisa?

Caso você esteja voltando agora de alguma outra galáxia, bom, a grande vantagem é que o recém lançado White Album pode ser uma excelente porta de entrada para quem ainda não conhece a sonoridade dos californiamos. Lá é possível encontrar as características baladas românticas (Endless Bummer), o pop colorido prontinho pra tocar em rádios (California Kids) e o roquinho mais urgente quase em estilo emo (King Of the World). Tudo prontinho pra ser consumido (e descartado) da maneira mais rápida possível. Talvez apenas Jacked Up, quase no final do disco, com o seu trabalho vocal levemente modificado e boa produção da trinca guitarra, baixo e bateria pudesse representar um novo caminho a ser seguido. Afinal de contas, o mundo mudou muito. E o Weezer, com som meio anacrônico, parece não ter acompanhado tanto. Ou serei eu que terei me tornado um véio chato??

Nota: 5,8

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