quinta-feira, 7 de abril de 2016

10 Filmes Fundamentais Sobre Jornalismo

Na hora de escrever esse especial, a dúvida já apareceu na hora de fazer o título do post: seriam 10 Filmes Fundamentais para Jornalistas? Ou 10 Filmes Fundamentais Sobre Jornalismo? Escolhemos a segunda opção pelo simples fato de que o tema não delimita o seu alcance, sendo, cada uma dessas obras, especialmente concebidas para os fãs de cinema de qualidade! Aproveitamos a data - dia 07 de abril é o Dia do Jornalista - para vasculhar os nossos arquivos atrás de dez filmes que representem um pouco do que é essa paixão - essa verdadeira "cachaça", como diriam alguns -, que nos motiva a levantar da cama todos os dias para trabalhar. Boa leitura!


#10 Quase Famosos


A obra de Cameron Crowe, lançada em 2001, brinca com o sonho de 10 entre 10 jovens que tenham a música como paixão, afinal de contas, quem não gostaria de trabalhar na revista Rolling Stone? O felizardo, no caso, é o adolescente de 15 anos William Miller (Patrick Fugit), que escreve para fanzines e que parece ter uma inteligência acima da média. Com o apoio de uma espécie de mentor intelectual (o saudoso Philip Seymour Hoffmann), consegue acesso aos bastidores da turnê da banda Stillwater - o que fará com que ele se envolva cada vez mais com esse universo. Verdadeira ode a produção musical dos anos 70 - a trilha sonora é arrebatadora, indo de Bowie a Led Zeppelin -, a obra, com sua aura ao mesmo tempo singela, juvenil e melancólica, ainda encanta.


#9 Boa Noite e Boa Sorte


Em uma época em que, no Brasil, se vive uma espécie de "caça as bruxas particular" - Rodrigo Constantino, olha o Picanha aqui! - um filme como o ótimo Boa Noite e Boa Sorte, dirigido pelo astro George Clooney, vem bem a calhar. Lançada em 2005, a obra mostra o embate entre o âncora de TV Edward R. Morrow (David Strathairn), e o senador Joseph McCarthy e sua famosa caça aos comunistas, em uma época em que a televisão ainda tinha ares de novidade em terras americanas. Murrow se mantém firme em suas convicções, mas passa a receber todos os tipos de intimidações e ameaças - algo bastante comum neste meio, diga-se. Filmada em um charmosíssimo preto e branco, a obra, baseada em fatos reais, ainda conta com grande elenco.


#8 Rede de Intrigas


O clássico de Sidney Lumet, lançado em 1976, tem uma abordagem interessante sobre até que ponto as emissoras de televisão podem chegar para alavancarem as suas audiências - e isso há 40 anos! O âncora Howard Beale (Peter Finch) já não é mais tão assistido como em outras épocas. Após a entrega de sua carta de demissão, com o programa no ar, anuncia que deixará a atração e que se suicidará na semana seguinte, no mesmo dia e horário. E ao vivo! Ele é afastado, mas diante da ótima receptividade do público para com as suas insanidades, ele é mantido no programa, desencadeando uma série de reações exacerbadas a partir de seu comportamento no estilo "profeta insano". As roupas e a fotografia amarelada hoje são anacrônicas. Mas o tema, não poderia ser mais atual.


#7 Spotlight - Segredos Revelados


O vencedor o Oscar de Melhor Filme desse ano não poderia ficar de fora de nossa lista, constituindo-se em obra fundamental não apenas para quem é ligado a área, mas para todo o fã de cinema de qualidade. Baseada em fatos reais, a trama segue os passos de um grupo de jornalistas do diário Boston Globe, que, em 2001, teve acesso a uma série de documentos capazes de provar diversos casos de pedofilia causados por padres católicos. E o pior: todos acobertados pela igreja, com transferência de religiosos para outras localidades e chantagens diversas. Mais de 50% dos leitores do Globe eram católicos à época - com boa parte do conservadorismo minando a própria redação. O que não impediu o grupo de destemidos repórteres de passarem meses trabalhando a pauta, em um verdadeiro exercício de bom jornalismo investigativo.


#6 A Doce Vida


É provável que você já tenha visto a cena: um jornalista trafega em meio as rodas da alta sociedade, tentando ser como qualquer um daqueles ricaços, ao mesmo tempo em que desdenha daquele meio com todas as suas forças, num misto de frustração e ansiedade de vida. É exatamente este o personagem de Marcello Mastroiani, no clássico A Doce Vida de Federico Fellini. Lançado em 1960, o filme funciona como um retrato de uma época em que se vão embora os ideais, permanecendo apenas a futilidade, o hedonismo e o vazio existencial da burguesia. Mastroianni, no caso o jornalista Marcello Rubini, passa boa parte do filme procurando seu lugar em um mundo que definitivamente não lhe pertence. Patético e pouco.


#5 A Embriaguez do Sucesso


O clássico dirigido por Alexander Mackendrick em 1957 não é apenas um filme sobre assessores de imprensa inescrupulosos e colunistas de jornal sem nenhum caráter: é uma obra fervilhante sobre a noite nova iorquina dos anos 50, da vida pulsante em uma cidade repleta de casas noturnas agitadas, de cafés movimentados e de muito jazz em cada esquina. É nesse universo que transita Sidney Falco (Tony Curtis), decadente assessor capaz de fazer de tudo para que os seus representados tenham algum espaço, mínimo que seja, nas colunas sociais mais prestigiadas dos veículos locais. Tenso, divertido, histriônico, o filme é recheado de personagens inesquecíveis, com destaque para Burt Lancaster, que transforma seu incestuoso colunista em uma das mais execráveis criaturas do cinema.


#4 Jejum de Amor


Ignore o título de comediazinha romântica que foi dado, no Brasil. No clássico de Howard Hawks, lançado em 1940, o que se vê é um verdadeiro retrato daquilo que move o jornalista: a paixão pela profissão. Na trama, Rosalind Russel vive a repórter debochada Hildy Johnson, que não resiste a um bom furo jornalístico, mas que está disposta a deixar o ambiente barulhento de uma redação, pela vida pacata de dona de casa e mãe de família, após conhecer o que acredita ser o homem de sua vida. Pra piorar, o seu ex-marido Walter Burns (Cary Grant, abusando do charme sem vergonha) é também o seu ex-chefe, que, evidentemente, fará de tudo para não perder uma de suas principais profissionais. Histriônico, verborrágico, caricato, teatral. Os adjetivos são poucos para definir essa obra fundamental!


#3 Todos os Homens do Presidente


Poucas vezes o fazer jornalístico, no sentido da persistência - de levantar a bunda da cadeira, de telefonar, telefonar e telefonar e de ir ao local da notícia e de ir de novo e de novo e de novo e quantas vezes forem necessárias até ter o material CERTO - foi tão bem apresentada como no caso do clássico de Alan J. Pakula, de 1976. O pano de fundo são os eventos que culminariam no escândalo de Watergate, que teve como consequência a queda do presidente americano Richard Nixon, no começo dos anos 70. Mas o que vale mesmo é o clima de redação, a pesquisa jornalística literalmente "no escuro", a busca pela notícia a qualquer curto. Se você trabalha na área e não assistiu a esse filme em seu curso de Jornalismo, tire o atraso agora mesmo. Será como uma mini aula.


#2 A Montanha dos Sete Abutres


Poucas vezes a expressão "circo midiático" pôde ser tão bem empregada como no caso dessa verdadeira obra-prima do diretor Billy Wilder - não por acaso, um dos favoritos da casa. Lançada em 1951, a trama envolve um repórter veterano (Kirk Douglas) que, sem moral após ser demitido de 11 empregos diferentes, consegue uma vaga em um jornaleco de Albuquerque, no Novo México. Sem boas histórias em uma cidade pacata, ele é enviado para uma cobertura sem importância quando descobre, no caminho que há um homem preso em uma mina. É a oportunidade para que ele transforme o ocorrido em assunto nacional, atraindo além de curiosos, repórteres e cinegrafistas de outros veículos. Para garantir mais "minutos de fama", o sujeito tentará retardar ao máximo o resgate do homem, ampliando a mídia sobre o caso.


#1 Cidadão Kane


O clássico de Orson Welles não é apenas um "filme sobre jornalismo", mas uma verdadeira obra-prima do ponto de vista técnico, com o seu roteiro engenhoso e em flashback, fotografia com múltipla profundidade de campo e outras extravagâncias visuais e sonoras, que subverteram profundamente o que se entendia por cinema, até então. Não bastasse tudo isso a história, sobre um jornalista que investiga a morte de um magnata da imprensa - inspirado no milionário dono de jornais William Randolph Hearst -, a partir de diversos pontos de vista diferente, é absolutamente saborosa, com direito a uma boa dose de polêmica a época (Hearst quis boicotar a produção) e uma singela mensagem sobre a importância da vida simples. Rosebud!


Uma lista assim não é nada fácil de ser elaborada, sendo inevitáveis as (sentidas) ausências. Mas quem sabe você nos ajuda a completar essa relação, dizendo quais as obras que poderiam estar nessa lista? E, aproveitando o ensejo, um ótimo Dia do Jornalista para todos os envolvidos! =D

2 comentários:

  1. A montanha dos sete abutres é simplesmente imprescindível. Demais!!!

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  2. bela seleção, "dusba". mas eu colocaria nela, ainda, "o jornal", "sob fogo cerrado", "quase famosos" e "o preço de uma verdade". se bem q aí seria uma lista beeeeeeem maior, né? grande abraço!

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