Vamos combinar que, enquanto a imprensa musical (supostamente) especializada bate cabeça na busca por formas de deslegitimar a música feita pelos texanos do Cigarettes After Sex, a banda capitaneada por Greg Gonzalez segue firme no seu propósito de fazer com maestria a sua especialidade - no caso, canções sussurrantes, sensuais, de fim de madrugada à meia luz, que servem como a trilha sonora perfeita em meio a vinhos cheios de taninos e lençois de cetim com milhares de fios. Não, não há nada de diferente em X's - o terceiro registro de inéditas do trio -, que não tenha aparecido antes nos igualmente belos Cry (2019) e no homônimo trabalho de estreia, que veio ao mundo em 2017. Ok, de lá pra cá houve uma pandemia, o mundo mudou, o próprio Gonzalez passou pelo trauma de um rompimento amoroso. A música em si? Segue sofisticada, classuda, sensual e lânguida. Exatamente como aprendemos a amar.
Aliás, o número de streamings nas plataformas de áudio não mentem. O coletivo é um fenômeno de reproduções digitais - por mais monocórdico ou introspectivo que o grupo possa, eventualmente, soar. Isso não significa que não haja intensidade, emoção, ou algo mais poderoso nos versos. Mas o vocalista explica que o seu canto, especialmente nesse terceiro disco, vem de um "lugar de vulnerabilidade". "E eu gosto de coisas que me façam sentir gentil, especialmente se é música íntima. Eu estou canto de uma forma mais quieta porque é assim que você falaria com alguém se você estivesse abraçando a pessoa, segurando-a o mais próximo possível, falando nesses tons realmente silenciosos. É como uma carta de amor", explicou o músico em entrevista ao site Independent. O resultado é uma coleção de canções sobre a complexidade dos relacionamentos, românticas mas profundas, cheias de idas e vindas e bons refrãos, como comprovam as ótimas Silver Sable, Hideaway e Dark Vacay.
Nota: 8,5
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