De: Steven Soderbergh. Com Don Cheadle, Benício Del Toro, Brendam Fraser, Kieran Culkin, Dave Harbour e Ray Liotta. Drama / Comédia Policial, EUA, 2021, 115 minutos.
A trama é um pouco enrolada e pode exigir do espectador um pouco mais de atenção para, em meio a tantos personagens que vão surgindo, conseguir conectar os pontos. Ainda que na realidade haja um fio condutor, quando voltamos no tempo, mais precisamente para a cidade americana de Detroit, no ano de 1955. É lá que dois criminosos do "baixo escalão" - no caso Curt (Don Cheadle) e Ronald (Benicio Del Toro) -, são recrutados por um chefão de identidade desconhecida para roubar um documento de grande importância (e que parece ter informações confidenciais a respeito da política local). Só que já no começo as coisas saem do controle quando a morte de um terceiro participante - um certo Charley (Kieran Culkin, o irmão de Macaulay) - ocorre, de forma meio inesperada. Pra não se ver em maus lençóis a dupla bola uma estratégia bastante arriscada pra tentar sobreviver. E, bom, a partir daí temos o nosso filme.
Mais divertidas e curiosas do que as inúmeras reviravoltas que ocorrerão no transcorrer da narrativa - com grandes parte das personagens tentando passar a perna umas nas outras -, é ver a quantidade absurda de astros que Soderbergh reuniu. E não dá pra negar que tudo vai ficando melhor conforme os atores vão entrando na história. De saída temos Brandan Fraser com quase 200 quilos (ele está fazendo um outro filme em que vive um sujeito com obesidade mórbida), encarnando o motorista da dupla - e que pouco revela sobre o seu contratante. Depois temos Ray Liotta como uma espécie de chefão porra louca (sim, ele se presta bem pra esse papel com aquela cara de ALUCINADO). Há ainda Dave Harbour (o eterno Jim Hopper, de Stranger Things), que é o cidadão comum que se torna bode expiatório justamente por ter informações privilegiadas. Isso sem falar em Julia Fox (Joias Brutas), Jon Hamm (Mad Men) e Miranda Richardson (Harry Potter), além das participações especialíssimas, que não vou nem comentar pra não estragar a surpresa de quem assiste.
Como não poderia deixar de ser nesse tipo de obra, não são poucos os instantes em que sorrimos quase involuntariamente, diante do absurdo. As piadas não são apenas visuais - o que é a MÁSCARA usada pelos bandidos? -, com muitas delas surgindo no texto, que é fruto do bem amarrado roteiro de Ed Solomon (Truque de Mestre). Adultério, traições, vinganças e outras picaretagens de todos os tipos vão surgindo conforme a dupla central avança em seu propósito, com o desastre sendo praticamente uma certeza. Utilizando a câmera grande angular como recurso narrativo, Soderbergh parece fazer questão de ampliar a profundidade de campo - o que gera também um certo desconforto nas sequências em que a ação ocorre no interior de casas, prédios e outros. O mesmo valendo para os infinitos contra-plongées, que focam os personagens de baixo para cima, o que os torna proporcionalmente maiores do que são (e que serve, provavelmente, para reforçar o ar de perigo daquele contexto em que estão envolvidos). Ao cabo, trata-se de uma obra em formato de quebra-cabeças, que pode te fazer ter vontade de reassisti-la assim que os créditos sobem. Ainda assim é uma sessão curiosa, engraçada e palatável. Vale conferir.
Nota: 8,0
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