Tudo isso para dizer que, sim, talvez fôssemos os únicos por essas paragens - os exclusivões - que estivéssemos aguardando um novo registro do quinteto comandado por Ricky Wilson, desde Education, Education, Education and War (2014), álbum que apresentou o melhor do cancioneiro do grupo, com um amontoado de hits bacanas, como Factory Gates, Coming Home e Meanwhile Up In Heaven. Só que aconteceu uma coisa meio diferente com este novo trabalho, intitulado Stay Togheter. Tentando soar a descoladona, (aparentemente) atenta aos caminhos da música na modernidade, a banda resolveu enfiar umas eletronices no disco que, em linhas gerais, a faz soar como uma espécie de "New Order anacrônico", em que a impressão que se tem é a de que o disco está chegando ao mercado com alguns bons anos de atraso. E o pior: com uma pitada daquilo que de pior fizeram contemporâneos como Coldplay e The Killers.
Tomemos como exemplo o recém lançado single Hole In My Soul, com sua bateria eletrônica cafona e refrãozinho pegajoso-brega. É uma música toda certinha que talvez fizesse sucesso nas academias de ginástica em meio as aulas de jump. E olhe lá. Vejam bem, não há problemas em investir numa pegada mais dançante. Mas se a intenção era abandonar o pós-punk de estilo garageiro, a investida poderia ter sido direcionada para uma produção mais caprichada, com bases, sintetizadores e efeitos menos convencionais do que aqueles que foram entregues pelo quinteto. Assim ocorre que o resultado, ainda que "inovador" dentro da discografia da banda, soa como uma curiosa espécie de mais do mesmo, por meio de canções meio caretas, nada sofisticadas, e extremamente monótonas, com a impressão de terem sido entregues a toque de caixa. E a existência (pasme) de um fadeout em plenos anos 2000 na chatíssima baladinha Parachutes, serve apenas para corroborar a nossa tese. (e não vou nem falar da inexplicável existência de uma música escondida ao final dos mais de 50 minutos de audição)
Ainda que aqui e ali o grupo ainda invista no modelo que o consagrou - casos de boas músicas como Sunday Morning e, mais especificamente, Why Do You do It to Me?, que mais nos faz lembrar dos Chiefs das antigas - em geral a sensação é de marasmo em meio a uma eletrônica pouco inovadora e excessivamente convencional, bem a moda do disco Wild World lançado recentemente pelo Bastille. É claro que o disco não chega a ser um completo desastre. A ótima High Society, por exemplo, poderia indicar um caminho a ser seguido pelo grupo, com a adoção de um ar efetivamente mais modernoso e levemente efervescente, que, somado ao vocal em falsete ao estilo daquele adotado pelo americano Shamir, transforma este no grande achado do registro. Pop music, this is pop music / We are writing a recording of pop music, avisa uma voz rouca no começo da música Press Rewind. Se a ideia era brincar com o gênero, o simples fato de ter incluir um aviso em meio a reprodução do disco, já é um indicativo de que a ideia pode não ter sido lá muito boa. Uma pena...
Nota: 5,5
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