terça-feira, 31 de maio de 2016

Grandes Cenas do Cinema - Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças (Eternal Sunshine of the Spottless Mind)

Filme: Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças
Cena: Meet me in Montauk (Encontre-me em Montauk)

Se existe um filme que retrata com perfeição a vida a dois desde o início até o rompimento, usando e abusando do lirismo, existencialismo, surrealismo, toques experimentais e uma edição complexa para transmitir sentimentos, este filme é o Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças (Eternal Sunshine of the Spottless Mind), dirigido por Michel Gondry em 2004, estrelado por Jim Carrey e Kate Winslet e um dos favoritos de todos os tempos aqui da casa.


Vencedor do Oscar de melhor roteiro original, a história concebida por Charlie Kaufman (Quero Ser John Malkovich, Adaptação) mostra o personagem Joel (Carrey) descobrindo que, após uma briga, a sua namorada Clementine (Winslet) passou por um procedimento para apagar as lembranças do seu parceiro, não reconhecendo-o mais. "Descornado", Joel decide realizar o mesmo procedimento para apagar as suas memórias e tentar sair da "fossa". Acontece que o ritual ocorre de trás pra frente, apagando as lembranças mais recentes e deixando as antigas para o final. Ao mostrar estas memórias sendo apagadas na mente do protagonista enquanto este está sedado, acompanhamos o drama de Joel para tentar salvar as coisas boas (que aumentam proporcionalmente a medida em que o relacionamento volta ao início) e que, para isso, deverá tentar abortar o procedimento tendo que fugir (e levar Clementine junto) nos labirintos de sua mente.

Toda inventividade e maluquice do extremamente complexo roteiro lida com questões universais tais como perda, passado e memória, utilizando elementos de suspense, drama, romance e até ficção científica. E o ápice ocorre em uma das cenas finais, onde o mesmo relembra de um encontro fracassado e lida com o arrependimento de não ter agido de forma diferente. Dilacerante, poética e embalada em uma trilha sonora capaz de cortar qualquer pessoa que tenha passado por situação semelhante, a cena nos mostra uma casa a beira mar desmoronando, num reflexo de suas lembranças sendo apagadas, ao relembrar o primeiro encontro e seu ato de covardia e até mesmo humilhação, e a última frase sussurrada por Clementine: "meet me in Montauk"("encontre-me em Montauk") - algo que ficará no seu inconsciente e acabará por repercutir no desfecho desta magnífica e sensível obra que emocionou e ainda há de emocionar muita gente - que tenha um coração, ao menos.


- I thought maybe you were a nut, but you were exciting.
- I wish you'd stayed.
- I wish I'd stayed too. Now I wish I'd stayed. I wish I'd done a lot of things.
- Oh, God, I wish I had...
- I wish I'd stayed. I do.
- Well, I came back downstairs, and you were gone. 
- I walked out. I walked out the door.
- Why? 
- I don't know. I felt like a scared little kid. I was like... It was above my head. I don't know.
- You were scared?
- Yeah.
- Thought you knew that about me.
- I ran back to the bonfire, trying to outrun my humiliation, I think.
- Was it something I said? 
- Yeah. You said, "So go"... with such disdain, you know?
- Oh, I'm sorry. 
- It's okay.
- Joely? What if you stayed this time?
- I walked out the door. There's no memory left.
- Come back and makeup a good-bye, at least. Let's pretend we had one. Bye, Joel.
- I love you.
- Meet me in Montauk.

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