quarta-feira, 7 de outubro de 2015

(Sete) Disco(s) da Semana

Quem acompanha de perto o Picanha já sabe: a cada sete dias tem resenha aqui no site do principal lançamento de disco das últimas semanas. Ocorre que o mês de setembro foi tão espetacular nesse quesito, que está praticamente impossível relegar a apenas um texto as nossas análises musicais! Pra se ter uma ideia, recentemente foram disponibilizados os novos do Beirut, New Order, Duran Duran, Stereophonics, Silversun Pickups, Chvrches, Lana Del Rey... como não somos um blogue que trata exclusivamente de música, é preciso, em muitos casos, selecionar - ainda mais levando-se em conta a nossa enxutíssima equipe de um e meio funcionários. Só que, com tantas bandas e artistas importantes liberando novos registros, optamos por fazer uma espécie de apanhadão, falando um pouquinho de cada disco. Vejam se vocês concordam com as nossas impressões!


Lana Del Rey (Honeymoon): a cada novo registro a americana Lana Del Rey se afasta do clima Katy-Perry-wannabe do seu primeiro trabalho, Born to Die, para entregar um apanhado de canções densas, soturnas, repletas de um clima empoeirado, cinematográfico, nostálgico. Ainda que as letras possam soar eventualmente simples, é no vocal arrastado e sussurrante e no instrumental envolvente que reside a grande força de Honeymoon. É praticamente impossível ficar alheio ao charme de composições como Art Deco e Salvatore. Como uma espécie de Nancy Sinatra da nova geração, Lana se consolida como uma das artistas mais bacanas da atualidade, lançando um disco ideal para os momentos a dois. Nota: 8,0

Beirut (No No No): os fãs mais puristas do Beirut talvez estranhem o clima mais minimalista e menos expansivo - especialmente no que se refere ao instrumental, que em geral torna mais fácil a identificação com a sonoridade folk do Leste Europeu -, que marca o novo trabalho. A impressão que fica é a de estarmos diante de uma "simples" banda pop, sem nenhuma característica que a diferencie das demais. Em resumo: um mais do mesmo. Não é que seja ruim, muito pelo contrário - canções como Gibraltar e Perth são magníficas, como a maioria das composições do grupo do americano Zach Condon. Apenas fica aquele gostinho de que o quarto trabalho poderia ser algo mais impactante. Nota: 6,5


Silversun Pickups (Better Nature): os americanos do Silversun Pickups conseguiram uma nova proeza com o lançamento de Better Nature: soar parecido com o Smashing Pumpkins, mas depois de a banda de Billy Corgan e companhia ter passado umas três vezes na fila da chatice. Em geral eu gosto do grupo capitaneado por Brian Aubert, mas, definitivamente, não recomendaria esse registro para eventuais novos fãs do quarteto. Ainda que canções como Pins and Needles, Nightlight e Circadian Rhythm (Last Dance) tenham algum potencial, a necessidade de soar grandioso e o gosto de requentado não são nada saborosos. Em tempo, o Swoon continua sendo o melhor disco, pra quem quiser experimentar. Nota: 5,5

  

Stereophonics (Keep the Village Alive): em geral os ingleses do Stereophonics dividem opiniões. A crítica ama odiar. Os fãs adoram o britpop que, em alguns momentos, faz lembrar o melhor do Oasis. Não será esse disco - o oitavo da carreira - que servirá de porta de entrada para que novos ouvintes passem a apreciar o som de Kelly Jones e companhia. Mas é preciso que se diga: se não chega a ser um trabalho inesquecível, o álbum possui uma série de canções acima da média. Impossível não ficar tocado pela bela I Wanna Get Lost With You. Ou mesmo pela exuberante My Hero - que melhor equilibra vocal e instrumental. Mas seria pouco? Deixo a conclusão pra vocês. Nota: 7,0

New Order (Music Complete): se tem uma banda que mantém uma certa regularidade a cada lançamento - ainda que estes não sejam muito seguidos, já que em quase 35 anos de carreira este é apenas o décimo trabalho -, esta banda é o New Order. O mais recente registro poderá ser meio exaustivo, especialmente para a moçada que alega não ter mais tempo para apreciar com calma a música - que é consumida com a mesma voracidade com que se comem sanduíches do Mc Donalds (ou do Carmelito!). Mas é preciso que se diga que é mais um grande trabalho, recheado de canções candidatas a hit das pistas mais (quem diria) descoladas, casos de Restless, Academic e Nothing But a Fool. Nota: 7,0


Chvrches (Every Open Eye): impressionante a facilidade que os escoceses do Chvrches tem para trabalhar a música pop. Se no disco anterior, o ótimo The Bones Of What You Believe (2013), ainda havia uma certa barreira que situava a banda entre a música alternativa e a tendência para o sucesso comercial, com Every Open Eye, o grupo comandado pelo graciosa Lauren Mayberry abraça de vez aquilo que sabe fazer de melhor: canções grudentas, prontas pras pistas, para os rádios e para tocar nas casas de qualquer pessoa que goste de boa música! O caldeirão de referências parece simples - mas é nas letras complexas e no diálogo efervescente com o que de melhor há na música europeia - que reside a força do grupo. Um dos álbuns mais bacanas do ano. Nota: 8,5

Duran Duran (Paper Gods): falar do Duran Duran é falar da infância. De quem cresceu tendo A Matter Of Feeling como uma das canções de cabeceira. Assim, Paper Gods até pode parecer meio brega - a capa, inclusive, parece desenhada pelo afilhado aquele que sabe mexer no Paint. Mas eu gosto. Consigo, inclusive, achar a música moderna, adequada a seu tempo. Ainda que seja o mesmo Duran Duran de sempre. Não sei dizer por quanto tempo Simon Le Bon e companhia ainda vão ter lenha para queimar - eles chegaram a ser satirizados na série Derek (aquela com o Ricky Gervais), pelo espírito anacrônico de sua música. Mas confesso que já aguardo ansioso os próximos trabalhos. Deixa os véinho trabaiá! Nota: 7,0

O apanhado de sete discos ainda deixou de fora lançamentos do Youth Lagoon, Kurt Vile, The Dead Weather, Julia Holter, Disclosure e Janet Jackson. Nas próximas resenhas quem sabe eles apareçam por aqui. E que venham mais meses musicais como setembro!

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