É admirável o papel da Ciência no desenvolvimento de novas tecnologias e na busca da resolução para os problemas do dia a dia. Se hoje eu posso estar aqui em frente ao computador escrevendo este texto (e vocês, da mesma forma, em frente a uma tela compartilhando de meus pensamentos no conforto de seus lares/escritórios) é graças ao esforço de milhares de cientistas que dedicaram suas vidas à análise de nosso mundo e à construção do conhecimento. Não que isto seja uma tarefa fácil: para fazer ciência são necessárias muitas e muitas horas de estudo, leituras, solidão em salas e laboratórios, além da aplicação de metodologias rigorosas de forma a coletar evidências a fim de descrever a realidade da forma mais fidedigna possível. Soma-se a isso uma certa desconfiança por parte da sociedade (quais os pós-graduandos que nunca ouviram a célebre frase mas tu só estuda?) e uma desvalorização profissional (a grande maioria dos cientistas, pelo menos no Brasil, sobrevivem a partir de bolsas governamentais que, mesmo (quando) pagas em dia, trazem nenhum direito trabalhista) e dá pra ter uma noção do desafio e da vocação necessária para aqueles que dedicam seus dias na busca pelo saber.
E faço toda esta divagação para falar da belíssima surpresa que foi me deparar com o filme Perdido em Marte (The Martian), uma ode ao poder do conhecimento científico para tornar nossas vidas melhores ou, na medida do possível, sobrevivermos frente a situações caóticas e à natureza impiedosa - além de entreter pra caramba! Na trama Matt Damon interpreta Mark Watney, astronauta que em missão na superfície de Marte sofre um acidente após uma tempestade que força o restante da tripulação a retornar imediatamente para a Terra. Dado como morto, Watney se vê sozinho neste planeta pouco conhecido, inóspito, a anos de distância de seu planeta de origem e, pior, sem contato com a Nasa e com um estoque limitado de comida para poder sobreviver até uma improvável missão de resgate. O que vemos a partir daí, e que dará norte ao filme, é o esforço de nosso herói para conseguir sobreviver e tentar contato com seus colegas para que possam trazê-lo de volta pra casa. Para isso o astronauta terá que utilizar, além de um controle emocional absurdo, todo o seu conhecimento de botânica (sua formação), engenharia, física, matemática e tudo o mais para fazer brotar vida em um ambiente cuja sua presença não pode ser detectada.
Esse otimismo em relação à natureza humana perpassa pelos demais personagens do elenco estelar, que unem-se em um objetivo comum - saber do paradeiro de Watney e, se possível, tê-lo de volta à convivência. Quanto aos aspectos técnicos o filme não decepciona, fazendo uso de efeitos especiais belíssimos que realmente nos transportam para aquele planeta - e é recomendado fortemente assistí-lo em tela grande (e em 3D!) para uma maior imersão naquele universo. Apesar da longa duração, Perdido em Marte traz de volta aquele gostinho de filme da sessão da tarde, em que vivíamos "altas aventuras" e torcíamos pelos personagens envolvidos em "grandes enrascadas". Embora apele para o ufanismo norte-americano aqui ou acolá, Scott acerta a mão como há tempos não fazia, combinando com eficácia drama, sci-fi, ação e comédia. O que mais poderíamos exigir de uma sessão de cinema de fim de semana? E não é fantástico que esta experiência toda venha justamente do uso de ferramentas disponíveis graças a séculos de evolução técnico-científica?
Nota: 8,0.
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