segunda-feira, 15 de abril de 2024

Pitaquinho Musical - Tyla (Tyla)

Quando lançou o single Water, em julho do ano passado, Tyla meio que surgiu para o mundo como uma enxurrada, uma torrente - pra ficar na metáfora aquosa que alude à canção. A música viralizaria no Tik Tok. Alcançaria, com sua energia absurdamente sexy, melodia envolvente e refrão grudento, milhões de visualizações de seu clipe no Youtube - um tipo de trajetória que, em alguma medida, é a de muitas jovens que despontam nesse universo. Só que Tyla ainda tinha o componente adicional de ser alguém de fora dos grandes centros. Desse eixo que parece centralizar tudo nos Estados Unidos e na Europa. Aliás, nativa da África do Sul, trazia para junto de seu hit instantâneo uma série de referências e de elementos de gêneros locais, como o afrobeat e o amapiano - um estilo que mistura jazz, lounge music e deep house e que eu, do alto da minha mais completa ignorância, mal tinha ouvido falar.


 

Mas aí passado todo esse furor, ficou aquela pontinha de dúvida: Tyla seria capaz de sustentar um álbum? De entregar mais do que um hit único? Bom, a chegada de seu disco homônimo comprova que sim. Mesclando pop e R&B com os já citados gêneros sul africanos, a jovem artista apresenta algo que foge do óbvio, em alguma medida. "Amo o meu continente, respeito-o, acredito muito nele. Só quero que as pessoas vejam e sintam o que sinto quando ouço música africana e vejam o que temos para oferecer, sabe?", resumiu no material de divulgação. A disposição para furar a bolha é, de fato, contagiante. As letras, como não poderiam deixar de ser para quem tem apenas 22 anos, se alternam entre o empoderamento feminino, a autoestima de quem exala confiança juvenil e as desilusões amorosas eventuais, tão típicas da juventude. Só que o combo geral é abusadamente saboroso, como comprovam outras ótimas canções, casos de Truth or Dare, ART e Jump. Difícil ficar alheio.

Nota: 8,5


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