segunda-feira, 27 de novembro de 2023

Novidades em Streaming - Oppenheimer

De: Christopher Nolan. Com Cillian Murphy, Emily Blunt, Robert Downey Jr., Matt Damon, Florence Pugh e Josh Hartnett. Drama, EUA / Reino Unido, 2023, 181 minutos.

Lembro que a primeira vez que ouvi falar de Oppenheimer foi em meio a uma partida do jogo de perguntas e respostas Master, da Grow. A pergunta era sobre o "pai da bomba atômica", aquelas típicas questões que caíam na categoria História. Mas muito mais sobre isso, confesso que não sabia. E como sou fascinado por esses filmes de época que revolvem eventos políticos, sociais, científicos e culturais de certos períodos, foi muito fácil me conectar com a narrativa que volta no tempo para detalhar como o Projeto Manhattan se tornaria um dos maiores empreendimentos da Segunda Guerra Mundial, a partir do desenvolvimento das primeiras armas nucleares de destruição em massa. Claro que no cerne da mais recente obra de Christopher Nolan, baseada na biografia American Prometheus, parece haver algumas outras preocupações que soam até mais prosaicas, se comparada com o dilema moral do protagonista. E que versam sobre o envolvimento ou não de Oppenheimer (Cillian Murphy) com os comunistas e, na esteira disso, com eventuais conspirações que comprometessem a segurança dos Estados Unidos.

E o caso é que Oppenheimer é um filme muito grande. Contado em três linhas narrativas distintas, exigirá do espectador, aqui e ali, um grau de atenção um pouco maior, para que nenhum detalhe escape. Sim, são três horas que talvez virem seis, pela necessidade de repetir a experiência para uma maior apreciação. A complexidade é um mérito? Não sei. Alguns críticos gastam tempo falando do quão problemático é o caráter excessivamente expositivo das obras de Nolan. Afinal, não basta apenas apresentar as imagens - sempre exageradas, hiperbólicas. É preciso martelar aquilo que se vê, com um texto. Uma explicação a mais. Um diálogo que reforça. Mas é um filme sobre mecânica quântica, ora bolas! Eu, ao menos, faço questão de todas as explicações, todos os detalhes. E talvez ainda assim alguma coisa escape - e tá tudo bem, porque importante é ter em mente que Oppenheimer era um físico teórico acima da média, controverso, e que seus escritos, bom, se converteriam anos depois em artefatos bélicos que devastariam Hiroshima e Nagasaki. Promovendo uma de suas maiores tragédias.

Ainda assim é meio curioso notar como o caráter questionável das atitudes de Oppenheimer, se torna diluído diante das maracutaias políticas, que envolvem especialmente a sua relação com o almirante Lewis Strauss (Rober Downey Jr.) que, após a Segunda Guerra e, com todos os eventos já ocorridos, sondará o físico para a direção de um Instituto sobre iniciativas ligadas à energia atômica (em um espaço em que a Guerra Fria começa a tomar corpo e o nazismo dá lugar à "ameaça vermelha" e à União Soviética como campo de disputas). Naquele ponto, Oppenheimer já tinha saído dos Estados Unidos para uma temporada de estudos na Europa, retornando para sua terra natal para integrar o grupo que desenvolveria o artefato. A ideia era se antecipar à Alemanha de Hitler - o que parecia ser a desculpa ideal para que não houvesse qualquer empecilho moral (para além do simples ego). A guerra poderia ser encerrada com uma bomba? Parece uma espécie de utopia. Que jamais sairia do campo de visão do protagonista - mesmo quando ele percebe, de forma embasbacada, os resultados de suas ambições na prática.

Orbitado por uma série de figuras - como o general Leslie Groves (Matt Damon), e cientistas como Ernest Lawrence (Josh Hartnett), além da esposa Kitty (Emily Blunt) e a amante Jean Tatlock (Florence Pugh), ambas ligadas ao Partido Comunista -, Oppenheimer converterá Los Álamos, no Novo México, em uma cidade a parte, em que focará nos seus estudos. Ressentido por um episódio de humilhação pública ocorrido anos antes, Strauss será o responsável, durante uma audiência privada com o Conselho Nacional de Segurança em desacreditar Oppenheimer - o que será visto em uma segunda linha narrativa. Já a terceira, que se distingue por sua exuberante fotografia em preto e branco, envolve o interrogatório dos senadores que poderia conduzir Strauss ao cargo de Secretário do Comércio em 1954 - ocasião em que traições e distorções vêm à tona. Pode parecer complexo mas é tudo elaborado de forma a fazer com que não nos percamos em meio à questões políticas, diplomáticas e científicas daqueles tempos. Tudo com fotografia, desenho de produção, edição, figurino e som, exuberantes - o que talvez dê a obra, agora disponível pra aluguel em diversas plataformas, um sem fim de indicações ao Oscar.

Nota: 8,5


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