quarta-feira, 13 de setembro de 2023

Pitaquinho Musical - Olivia Rodrigo (GUTS)

Eu preciso ser honesto e dizer que eu não acreditava que a Olivia Rodrigo pudesse superar a famosa "prova do segundo disco". Depois do sucesso estrondoso de Sour - que continha os hits Deja Vu e Driver's License e que foi o nosso terceiro melhor internacional na lista de 2021-, era meio natural que rolasse certa pressão. Da indústria, dos fãs, da mídia, de todo o entorno. E o que a artista fez diante desse cenário? Não apenas converteu o próprio tema das incertezas diante da fama na matéria-prima ideal para as suas letras, como ainda deu a GUTS um sabor bastante agridoce, com um perfume juvenil à beira da vida adulta. Crescer e amadurecer, vamos combinar, nunca é fácil. E amadurecer nesse ambiente inóspito da fama parece ser ainda mais complexo. Nesse sentido, talvez não seja por acaso que muitas de suas letras não apenas dialogam com as dores e as incertezas de quem mal está chegando aos 20 anos - seja no campo dos relacionamentos, das amizades, das festas e bebedeiras -, como ainda parecem fazer um permanente aceno para o meio em que ela está inserida.

Um bom exemplo desse expediente pode ser encontrado na desgraçadamente bela balada Making the Bed, uma canção que bebe na fonte da Taylor Swift fase 1989, para divagar sobre as mudanças ocorridas na sua vida a partir do álbum anterior. "É uma coisa meio estranha quando você se torna bem sucedido e é notado por músicas que são super cruas e íntimas, então em um certo nível você sente que as pessoas realmente te conhecem, mas não da maneira como seus amigos ou familiares", refletiu em entrevista ao The Guardian. Muita gente tem mencionado o fato de esse disco estar supostamente mais roqueiro - e em alguma medida ele está, como comprovam as movimentadas All-american Bitch, Bad Idea Right? e Get Him Back!, que fazem uma misturada com notas de No Doubt, Weezer, Avril Lavigne e Icona Pop. Mas o que permanece aqui, independente do estilo, é a capacidade única que Olivia tem de falar de coisas tão íntimas, tão do universo dela, e ainda assim fazer o público de identificar. Eu tenho 42 anos e terminei o disco berrando que "tudo fica melhor, mas e se não melhorar?". Já faz uns 25 anos que eu não sou adolescente, mas senti que era pra mim. Acho que era pra todos nós.

Nota: 9,0


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