quarta-feira, 15 de junho de 2022

Pitaquinho Musical - Vitor Ramil (Avenida Angélica)

O estilo invernal do sempre ótimo Vitor Ramil ganha uma roupagem ainda mais poética com Avenida Angélica, seu décimo segundo trabalho de "estúdio". E o estúdio nesse caso é realmente entre aspas, já que o registro é resultado de duas noites de gravação realizadas em agosto do ano passado, no Teatro Sete de Abril em Pelotas. Para o disco, o artista utilizou como base dois livros escritos pela conterrânea Angélica Freitas - no caso, Rilke Shake e Um Útero É do Tamanho de um Punho - extraindo de seus versos uma coleção de canções envolventes, pontuadas pelo sempre presente violão de Ramil. "A poesia da Angélica é cult, é pop, é tocante, é divertida, é crítica, é amorosa e, acima de tudo, é muito musical", salientou o músico no material de divulgação do álbum.

Nesse sentido, poemas como Rilke Shake recebem uma roupagem intimista, capaz de transformar versos enigmáticos em uma experiência semicatártica que mistura cotidiano, referência culturais diversas e sentimentos palpáveis e abstratos em igual medida (Nada bate um Rilke shake / No quesito anti-heartache / Nada supera a batida / De um Rilke com sorvete). O expediente se repete em outros tantos momentos primorosos, casos de Uma Mulher Insanamente Bonita, R.C, Mulher de Rollers e Família Vende Tudo (Família vende tudo / Um avô com muito uso / Um limoeiro / Um cachorro cego de um olho), que comprovam que poemas musicados podem ter ritmo, serem melodiosos e até conter refrões pegajosos. "Nas primeiras leituras eu já senti música nos versos de Angélica", resumiu o artista em entrevista ao Matinal Jornalismo.


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