segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

Novidades em DVD - Nasce Uma Estrela (A Star Is Born)

De: Bradley Cooper. Com Lady Gaga, Bradley Cooper, Sam Elliot, Rafi Gavron e Andrew Dice Clay. Drama / Romance, EUA, 2018, 135 minutos.

Essa já é a quarta versão para o cinema de Nasce Uma Estrela (A Star Is Born) e, é preciso que se diga, uma atualização da obra é mais do que bem-vinda já que a versão anterior - aquela com Barbra Streisand e Kris Kristofferson - envelheceu muito mal. Mas bota mal nisso (e uma revisão da película me fez ficar constrangido ao ver a dupla de protagonistas rolando no barro em meio a cenas românticas absurdamente piegas). Bom, nessa nova interpretação a ideia está repaginada. Sai de cena a cantora talentosa mas submissa do filme de 1976 para entrar em seu lugar uma Lady Gaga bem mais empoderada e consciente de seu talento, ainda que o nariz grande, em sua avaliação, impeça a sua carreira de deslanchar. Já Bradley Cooper (que também dirige o filme) é bem menos porra louca que o personagem de Kristofferson, ainda que o alcoolismo seja o seu calcanhar de Aquiles.

Na trama, o cantor country Jackson Maine (Cooper) vai parar em um bar do subúrbio após uma apresentação, onde conhece a candidata a cantora Ally (Gaga) que faz uma irresistível interpretação de La Vie En Rose, de Edith Piaf. Maine se encanta com a jovem e a leva para uma de suas apresentações, onde um dueto improvisado arrebata o público e recebe milhares de visualizações no Youtube. Ally passa a acompanhar Maine - que também se torna seu par romântico - na turnê de sua banda até o dia em que o empresário e produtor Rez (Rafi Gavron) lhe oferece um contrato. Bom, é claro que uma turnê solo de Ally, que mudará completamente de visual (e de estilo musical, com direito a videoclipes exuberantes) para atender a indústria será um choque para Maine que, em decadência, encontrará cada vez mais refúgio na bebida.


Será na proporção inversa entre a ascensão e a queda de dois astros que se amam que residirá o principal arco dramático da película. Ally deseja a fama, mas, a que preço? Já Maine conseguirá lidar de forma madura com o reconhecimento do talento da namorada? Ambos entregam performances corretas para os seus personagens, ainda que as inflexões de voz de Cooper soem quase artificiais em alguns momentos (pra não dizer caricaturais). Já Gaga faz uma boa estréia no cinema e o fato de ser cantora e compositora na vida real (ah vá!) parece naturalizar os seus movimentos em tela, bem como a sua personalidade decidida. O elenco de apoio é divertido e multicultural - do grupo de transgêneros que atua no mesmo bar em que Maine encontra Ally ao melhor amigo latino que trabalha no mesmo restaurante da cantora (vivido por Anthony Ramos).

Mas como não poderia deixar de ser a grande força da obra está mesmo na música. Shallow é um colosso e, a menos que haja alguma grande zebra, deverá faturar a categoria Canção Original, no Oscar. Com indicações para Filme, Ator, Atriz, Ator Coadjuvante (Sam Elliot, que interpreta um resignado irmão mais velho de Maine), Roteiro Adaptado e Fotografia (Matthew Libatique, o mesmo de Cisne Negro), entre outras, essa nova versão de Nasce Uma Estrela tem muito mais méritos por oxigenar algumas ideias, que tornam o filme menos maniqueísta (e até machista) do que as versões anteriores. E Gaga dando um soco em um policial xarope no começo do filme é um bom exemplo dessas pequenas subversões! O mesmo vale para o autógrafo dado por Maine no começo do filme. Nesse sentido, as premiações serão o de menos. O que vale mesmo é mostrar essa emocionante história, que segue encantando os cinéfilos, para as novas gerações.

Nota: 8,0

Um comentário:

  1. Assisti o filme na última segunda. Parabéns pela resenha. O filme é muito bom. Diálogos no lugar de possíveis cenas com flashbacks e partes da história que o filme não mostra com cenas (fazendo com que o espectador entenda o que ocorreu de maneira mais sutil) tornam esse filme uma baita experiência... fazendo com que o espectador se conecte aos acontecimentos da película. Vivemos por muitos anos uma era puramente visual do cinema... onde parece que só aconteceu na história aquilo que nos foi entregue de "mão beijada". Não vi as outras versões, mas a tua resenha me fez pensar que vi a versão certa. Abraço.

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