sábado, 30 de setembro de 2017

Disco da Semana - The Killers (Wonderful Wonderful)

Se há uma boa notícia sobre o novo álbum do The Killers é que ele parece, em alguma medida, uma espécie de continuação daquilo que o vocalista Brandon Flowers vinha fazendo - e de maneira muito satisfatória, diga-se - em carreira solo. Se Flamingo (2010) e, mais especificamente, The Desired Effect (2015) não chegavam a ser comparados com o inaugural Hot Fuss (2004) - até hoje o registro mais adorado pelos fãs da banda de Las Vegas -, por outro lado ambos os trabalhos passavam bem longe do inexplicável Battle Born (2012), não apenas o pior disco do The Killers, mas um dos sérios candidatos a pior disco desse século.

Ah, agora o Killers voltou a ser o Killers que já nos possibilitou sacolejar o esqueleto ao som de verdadeiras gemas como Mr. Brightside, All These Things That I've Done, Somebody Told Me, Bones, When You Were Young ou mesmo Human e Spaceman? Não, o Killers não voltou a ser ESSE Killers. Mas deu uma boa melhoradinha, o que nos faz, novamente, ter fé no quarteto - que conta ainda com Dave Keuing (guitarra e vocal de apoio), Ronnie Vanucci (bateria) e Mark Stoermer (baixo e vocal de apoio). Por "uma boa melhoradinha" leia-se uma nova coleção de 10 canções bem produzidas, bem arranjadas, cheias daqueles refrões explosivos que fazem com que a banda trafegue no limite entre a música alternativa o e o cancioneiro kitsch embalado por uma eletrônica oitentista.


Só que essa condição estabelece um pequeno problema, já que o novo registro da banda mais parece uma coleção de fragmentos que, juntados, remeterão a um sentimento permanente de "já ouvi isso antes". Seja o flerte com a disco music no single The Men ou o rock grandioso de arena de Life to Come, tudo vem embalado em um clima de nostalgia, mas uma nostalgia que, sei lá, não é boa. Não é que não haja bons momentos e as duas canções já citadas aqui nessa resenha são ok, nos farão assobiar, cantarolar, etc. O mesmo ocorrerá com outras candidatas e hit - casos de Run For Cover, Out Of My Mind (uma de minhas preferidas, com aquele clima meio Simple Minds em Don't You Forget About Me) ou Tyson Vs. Douglas. Tá bem longe de não ser legal, mas sabe quando tá faltando alguma coisinha pra que o negócio se torne mais impactante? Pois é.

Não que não haja "inovações" uma vez que, aqui e ali, Flowers e companhia perfumam algumas canções do disco com um indelével vigor. A faixa título, por exemplo, abre o disco com baixão marcante e percussão e vocal que remetem aos melhores momentos do Depeche Mode. Já The Calling tem uma batida roqueirona que cairia bem em algum registro do White Stripes lá no começo da década passada. Mas, também, isso seria ser inovador? Novidade, talvez, dentro daquilo que a banda costuma apresentar em sua discografia. Mas nada de inesquecível ou que nos fará lembrar com carinho desse registro daqui a 10, 20 ou 30 anos. Na melancólica última música do disco, o eu lírico pergunta desavergonhadamente have all the songs been writen? (todas as músicas foram escritas?). Talvez para alguns grupos sim. O que não seria demérito.

Nota: 7,0

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