segunda-feira, 22 de junho de 2015

Disco da Semana - Muse (Drones)

Quando o assunto é Muse, você já deve ter ouvido um dos mais famosos chavões: ou você ama ou odeia. Pois eu me atrevo a discordar desse lugar comum pelo simples fato de a banda capitaneada por Matthew Bellamy ser capaz de me provocar os dois sentimentos. Muitas vezes ao mesmo tempo! E até no mesmo disco (pra não dizer na mesma música). Há momentos em que estou escutando algum dos trabalhos dos caras e penso: que baita grupo. Que riffs bem elaborados de guitarras. Que sintetizador bem colocado ali. Que efeito bem executado acolá. Que belo e emocionado refrão. Que grandiosidade! Em outras ocasiões o meu sentimento varia. Mas pra quê tanto exagero? Que troço mais choroso. Pra que esse GRITEDO? Troço chato do cacete. Por quê estou ouvindo isso se nunca gostei de música progressiva?

Se você se identificou com qualquer um dos sentimentos descritos acima, seja bem-vindo ao mundo do gostar ou não do Muse. E a novidade? No sétimo e recém-lançado álbum Drones, a coisa se mantém exatamente da mesma maneira. Estão lá as canções grandiosas, muitas vezes longas, verdadeiras epopeias capazes de versar sobre os mais variados temas modernos, com refrães grudentos e trabalho instrumental potente (ainda que não exatamente criativo), capaz de aproximar o grupo a outros similares do gênero hard rock. As canções parecem feitas para serem gritadas por hordas de fãs enlouquecidos estádios afora, fazendo um pouco de falta uma certa polidez que já fez parte da personalidade do trio em outrora - e quem  já ouviu gemas como Starlight ou mesmo a (improvável) cover de Feeling Good sabe ao que me refiro.


Não é de hoje a predileção do grupo por temas relacionados a nossa atual sociedade, estando entre eles o poder exercido pelas instituições e pelo Governo como mecanismo de controle em relação aos cidadãos comuns, a crítica aos excessos armamentistas, o aquecimento global, a falsa ilusão da sensação de segurança, a tecnologia como suporte capaz de subjugar os sujeitos, a ambição pelo poder, a lavagem cerebral na política e a constante de opressão fomentada por todo o sistema a que estamos associados. Algo que, no caso de Drones, já pode ser observado na capa do trabalho. E, nesse sentido, ninguém pode acusar o Muse de não seguir fiel a um certo padrão temático (e sonoro), já que este tipo de abordagem era feita desde os ótimos discos Origin of Simmetry e Absolution, até chegar aos recentes The Resistance e The 2nd Law. Ainda que em diferentes escalas, evidentemente.

Oppression is persisting/ I can’t fight this brain conditioning/ Our freedom’s just a loan/ Run by machines and drones (algo como A opressão é persistente/ Eu não posso lutar contra esse cérebro condicionado/ Nossa liberdade é só um empréstimo/ Administrado por máquinas e drones) canta um angustiado Bellamy, para depois explodir em um persistente refrão, onde o vocalista canta repetidamente You can revolt, na música Revolt. O expediente se repete em Mercy: Absent gods and silent tyranny/ We're going under, hypnotized by another puppeteer/ And tell me why the men in cloaks always have to bring me down (que pode ser traduzido como Deuses ausentes e tirania silenciosa/ Estamos caindo, hipnotizados por outro manipulador/ E me diga porque os homens de capas sempre me colocam pra baixo). Há certamente alguns exageros no estilo wannabe-Radiohead, lá no meio, sendo a pretensiosa The Globalist, o maior exemplo. Mas o Muse passa o seu recado, enquanto os fãs seguem amando/odiando, de acordo com o dia. Ou a hora.

Nota: 6,5

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