segunda-feira, 1 de junho de 2015

Cinema - A Incrível História de Adaline

De: Lee Toland Krieger. Com Blake Lively, Michiel Huisman e Harrison Ford. Romance / Fantasia / Drama, EUA, 2015, 113 minutos.

O filme A Incrível História de Adaline (The Age of Adaline) é mais ou menos como se fosse um O Curioso Caso de Benjamin Button as avessas. Só que, enquanto no conto do escritor F. Scott Fitzgerald - adaptado para o cinema por David Fincher e tendo Brad Pitt como protagonista - um bebê nasce com a aparência e os problemas de saúde de um idoso, na obra do diretor Lee Toland Krieger, a dificuldade está em envelhecer. É o que ocorre quando a protagonista - a Adaline do título - sofre um grave acidente de carro. Uma conjunção cósmica de fatores físico-químicos (frio, eletricidade) que ocorrem durante a quase tragédia, a torna uma pessoa imortal aos 29 anos. Melhor coisa do mundo ser eterno? É, "bais ou benos".

Com a sua nova condição, Adaline tem de se acostumar com a ideia de que as pessoas passam pela sua vida e ela fica. Fica e não apenas isso: fica e com a mesma cara, com a mesma pela, sem rugas de expressão, doenças ou qualquer condição que, lá pelas tantas, poderia acometer uma pessoa de 80 anos. Ou de mais 100, no caso dela. Inevitavelmente isso causará estranhamento nas pessoas que convivem com ela cotidianamente. Onde já se viu os demais envelhecerem e ela não? O medo de ser encarada como uma aberração de circo, faz com que Adaline não permaneça por mais de 10 anos em um trabalho. Ou na mesma cidade. Todo esse contexto também atrapalhará as suas possíveis relações amorosas, já que o medo de sofrer faz com que ela se torne incapaz de estabelecer qualquer laço com os do sexo masculino.


A premissa diferente teria tudo para resultar em um filme desastroso ou excessivamente forçado e, é preciso que se diga, até não é o que acontece. É claro, não é a oitava maravilha do mundo, mas é um bom romance, com argumento inteligente, personagens charmosos, excelente cenografia e interpretações interessantes. Por se tratar de um drama romântico, o excesso de lugares comuns ao estilo Nicholas Sparks, que têm se espalhado quase que como um vírus ultra-contagioso, é algo que pode atrapalhar a apreciação do cinéfilo mais engajado. Lá pelas tantas, é evidente que aparecerá um potencial par romântico para tentar desvendar o passado de Adaline, acreditando poder demovê-la de seu trágico destino: o de viver para sempre na solidão e na clandestinidade.

Dona de uma beleza absolutamente estonteante, a atriz Blake Lively - da série Gossip Girl e de filmes como Atração Perigosa - interpreta Adaline Bowman com a segurança natural que poderia ser esperada de uma mulher "madura". Ao mesmo tempo, ela não reluta em demonstrar como lhe afeta e lhe fragiliza a condição que lhe foi imposta - e uma simples cena ao lado de seu cachorro é capaz de mostrar o peso de seu fardo. As presenças de Ellen Burtyn como a filha já idosa e de um surpreendente Harrison Ford, como um homem relacionado ao passado de Adaline, também dão corpo ao elenco desse pequeno filme que, assim como tantas outras peças de arte, brinca com a eterna fascinação humana pela passagem (ou não) do tempo.

Nota: 6,5


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