quarta-feira, 24 de junho de 2015

Cinema - Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros

De: Colin Trevorow. Com Chris Pratt, Bryce Dallas Howard, Nick Robinson, Ty Simpkins, Vincent D'Onofrio e Irrfan Khan. Aventura / Ação / Ficção Científica, EUA, 2015, 125 minutos.

Eu tinha apenas 12 anos quando Jurassic Park: Parque dos Dinossauros, o clássico (e altamente inovador) filme de Steven Spielberg estreou em 1993. Não o assisti no cinema, mas lembro que a espera para poder alugá-lo em VHS levou semanas, sendo compensada após por diversas sessões daquele que foi um dos filmes da minha adolescência. A história, sobre um milionário que decide construir um parque repleto de dinossauros, a partir de um inseto fossilizado que tinha sugado, há milhares de anos, o sangue dos dinos, era inteligente e bem construída. Inclusive em sua lógica científica - a "recriação" se daria a partir do isolamento do DNA presente no sangue dos insetos. Até o dia em que a experiência sai do controle de seus criadores, tornando a vida de todos um pesadelo. O resultado era uma produção grandiosa, capaz de misturar elementos dramáticos, de suspense, de ficção e de muita ação.

Não sei se é esse contexto que faz com que eu seja meio ranzinza na minha análise do recém-lançado Jurassic World: O Mundos dos Dinossauros (Jurassic World). O primeiro problema está no fato de que a trama permanece praticamente a mesma do primeiro filme: sai o DNA do mosquito e entra a criação de um dinossauro híbrido capaz de manter o interesse do público visitante do parque localizado na Ilha Nublar - e que está a cada ano mais exigente em relação as atrações disponíveis no espaço. O que poderia servir como uma fina ironia, uma vez que essa bem parece ser a realidade não apenas dos visitantes do parque, mas do público de cinema em si, eventualmente mais exigente em relação ao que se vê na telona, não passa de um recurso meramente formulaico já que, mais tarde, as coisas novamente sairão de controle, tornando tudo um caos quando o tal dinossauro escapa do seu pouco resistente cativeiro.



Em seguida há os personagens, um amontoado de clichês ambulantes. A começar pela fria doutora Claire (Bryce Dallas Howard), a diretora do parque que, por conta do comportamento claramente workaholic, não tem tempo de ter vida social. Sem levar em conta a aberração que é, ainda nos dias de hoje, ver um comportamento tão machista e previsível em relação ao que se espera da mulher e de seu papel na sociedade - e a conversa de Claire com sua irmã, nesse sentido chega a beirar o constrangimento. O mocinho, vivido por Chris Pratt também é aquele sujeito ao mesmo tempo sisudo, um tanto ultrapassado, mas metido a sabe-tudo. E que, por ter sido do exército será capaz de salvar o mundo - como ele mesmo admite, do alto de sua modéstia, em uma dos tantos diálogos desastrosos da película (aliás, sendo este um terceiro problema). Mas tem mais: tem o cientista insano que só pensa nas suas criaturas e não na catástrofe que poderá ser acarretada por eles, tem o filho adolescente emburrado, o gurizinho deslumbrado e o sujeito que só enxerga nos dinos o seu potencial bélico - talvez esse o pior, por retratar aquele que, provavelmente deverá ser o representante de muitos americanos que assistirão ao filme. Há ainda outros equívocos, como a ânsia em conferir grandiosidade a tudo - algo visto já na chegada das crianças ao parque -, ou mesmo excesso de subtramas que em nada acrescentam para a projeção, como é o caso do possível futuro divórcio dos pais dos garotos. Aliás, outro chavão, só pra constar.

Claro que nem tudo é desastre já que os fãs de cenas de ação irão apreciar demais as sequências de fugas ou mesmo aquelas que envolvem lutas entre humanos e dinos e de dinos contra dinos. Bacana também são as homenagens ao filme de 1993, lembrado em vários momentos de maneira direta ou indireta. As atrações do parque também não deixam de ser um show a parte, possibilitando ao público uma genuína sensação de divertimento, mesmo para quem está olhando "de fora" - como é o nosso caso enquanto espectadores. O mesmo valendo para as tensas cenas envolvendo as perseguições, sempre muito bem construídas e de fácil entendimento. Pra quem procura apenas uma diversão escapista, tanto os aspectos positivos como os negativos, serão suficientes para agradar. Para quem cresceu tendo a imagem do copo com água "chacoalhando" na mente, a obra do diretor (ainda novato) Colin Trevorrow soará apenas como um requentado bem mais ou menos.

Nota: 4,5


Um comentário:

  1. "John, esse tipo de controle é impossível. A evolução nos ensinou que a vida não pode ser contida. A vida se liberta. Cruza fronteiras, rompe barreiras. Dolorosa ou perigosamente... Mas, bem, é como é": Dr. Iam Malcolm. Pesquisei e encontrei a frase exata, que sempre lembro ao me referir ao filme. Jurassic Park é muito bom. Além de aventura, tem muita ciência. Valeu o comentário, Tiago. Não vou perder meu precioso tempo assistindo o Jurassic World.

    Bonine

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