terça-feira, 2 de junho de 2015

Cinema - Terremoto: Falha de San Andreas

De: Brad Peyton. Com Dwayne Johnson, Carla Gugino, Alexandra Daddario e Paul Giamatti. Ação / Aventura / Suspense. EUA, 2015, 114 minutos.

Em geral eu costumo ser bem tolerante com o subgênero "cinema catástrofe". Aceito bem as eventuais teorias mirabolantes, aguento os excessos no uso de computação gráfica, suporto os furos de roteiro e os diálogos dignos de crianças iniciando o pré-primário. Não à toa, há sim, bons exemplares do gênero e obras como Interestellar e O Impossível ou mesmo o clássico O Destino de Podeidon, não me deixam mentir. Só que a repetição de fórmulas, em muitos casos, tem servido apenas para saturar o espectador de cinema que, envolto em um mar de lugares-comuns, fica apenas olhando o relógio para descobrir a que horas que a tragédia (com o perdão do trocadilho infame), vai terminar. E esse é exatamente o caso do recém lançado e catastrófico Terremoto - Falha de San Andreas (San Andreas).

O filme consegue abraçar todos os clichês do gênero. Primeiro o protagonista Ray (Johnson), bombeiro especializado em resgates com o uso de helicópteros, parece ter algum trauma do passado. Não bastasse isso, ele ainda está se separando da atual esposa, ficando claro também o fato de que ele ainda não superou essa mudança em sua vida. O novo namorado da ex é um completo babaca, um mau caráter de marca maior, como vamos descobrindo conforme o filme se descortina. Ainda há o já tradicional afastamento da filha, que se aproximará, quanto mais coisas voarem para os ares ou explodirem em nossa cara. Aliás, está aí um outro problema: a película do diretor Brad Peyton mais parece um veículo para exercício de cenas computadorizadas, do que uma obra disposta a discutir qualquer coisa que seja - por mais incomum que isso seja em filmes do tipo.


Na trama, uma série de terremotos de proporções gigantescas, atinge a falha de San Andreas - acidente geográfico localizado na Califórnia. O que coloca toda a população em alerta. Só que até esse ponto é mal explorado. Enquanto em outros filmes do gênero a parte científica, com suas eventuais explicações, consiste em um momento capaz de tornar a experiência mais interessante, aqui, o tema é tratado completamente de passagem. E essa falta de profundidade, é preciso que se diga, denuncia até mesmo a pobreza da pesquisa que possa ter sido feita (se é que foi) para a constituição dos elementos que compuseram o roteiro de tal película. Afinal de contas o que vale mesmo é explodir prédios e derrubar pontes, derrubando também qualquer lógica naquilo a que se está vendo. E antes que alguém diga: e o Mad Max, também não é só isso? Ação e explosões? É, mas diverte, é extremamente bem feito e consegue até discutir questões relacionadas a preservação do meio ambiente, as diferenças sociais e de gênero, só pra citar algumas. Ou seja, ao menos é capaz de promover alguma reflexão, por menor que seja.

Ao estereotipar personagens - como o grupo nerd que deve invadir determinado site para que a "mensagem" chegue até a população, a repórter latina, a patricinha fútil que dirige enquanto conversa via SMS, o mocinho que aparece pra salvar o dia, a criança avançadinha pra idade, ou mesmo o casal briguento de meia-idade - a obra também escorrega, abolindo qualquer chance de profundidade para os sujeitos que são vistos na tela. E que tem as suas personalidades pautadas por um maniqueísmo que beira o constrangimento. Triste também é ver um ator como Paul Giamatti, que até indicação para o Oscar já recebeu - por A Luta pela Esperança -, interpretando o papel de um professor e cientista que trabalha tentando antecipar, por meio de um sistema de computação, os eventos sísmicos. É até um dos melhores e mais lúcidos momentos, mas que deixa clara a provável escassez de bons papeis em suas mãos. Quem chegar vivo (mais um trocadilho infame) até o final, ainda será brindado com uma mensagem de otimismo, afinal de contas, o que vale é a sobrevivência do mocinho.

Nota: 2,5


Um comentário:

  1. ¡Boom, boom, boom! Grandes efeitos especiais, a ação visual em frente e atrás também. The Rock salva ação tudo, o homem-fashion. Músculos, carisma, estilo. Terremoto: A Falha de San Andreas é um mais desses filmes não trazem mais do que apenas entretenimento, mas que é suficiente nos dias de lazer, o que a rotação argumentos pesados. Às vezes você não está no humor para aquelas coisas ea ação é uma opção, não a pouco?

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