segunda-feira, 4 de maio de 2015

Pérolas do Netflix - Bronson

De: Nicolas Winding Refn. Com: Tom Hardy, Kelly Adams e Luing Andrews. Ação/Biografia/Crime, Reino Unido, 2008, 92 min.

Quatro anos atrás me deparei com um filme diferente de quase tudo que eu havia visto até então. A obra em questão, Drive, atualizava a figura do herói sem nome (e cujo passado desconhecíamos) associando-a a um ritmo praticamente etéreo, uma trilha sonora sensacional (emulando a atmosfera neon dos anos 80) e explosões de violência que fariam corar até o maior fã do Chuck Norris. Já com status de "cult", a película despertou o interesse pela obra do seu até então pouco conhecido diretor, o dinamarquês Nicolas Winding Refn.

Há que se dizer que o tema violência está presente em toda a obra de Refn, seja no quase mudo Guerreiro Silencioso (Valhalla Rising, de 2009), ou no mais recente Só Deus Perdoa (Only God Forgives, de 2013), no qual repete a parceria com o ator americano Ryan Gosling. Estas obras, vale ressaltar, de difícil assimilação para o público não acostumado a filmes com poucos diálogos e de ritmo lento, quase onírico, característico das criações do diretor. Antes destes, portanto, temos o filme Bronson, de 2008, surpreendentemente disponível atualmente para os usuários do serviço de streaming Netflix.


A obra conta a história real de Michael Peterson, considerado o prisioneiro mais violento da Grã-Bretanha. Autodenominado Charles Bronson, em referência ao filme Desejo de Matar, Peterson foi condenado a 7 anos de prisão por ter roubado uma agência dos correios em 1974, mas permanece preso até hoje devido a seu comportamento violento na prisão, tendo passado mais de 30 anos de sua pena na solitária. Em Bronson, vemos um roteiro mais verborrágico e uma edição mais frenética quando comparada aos demais filmes de Refn. No entanto, a violência apresenta-se aqui de forma ainda mais intensa, e a trilha-sonora lembra a de Drive em alguns momentos, servindo muito bem para a atmosfera da narrativa.

Teatral, o filme chegou a ser comparado pela crítica (exageros à parte) ao clássico de Stanley Kubrick Laranja Mecânica (1971), talvez pelo seu tom subversivo e violento. O ator Tom Hardy (o Bane, de Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge), um dos melhores atores da atualidade, está fantástico e assustador no papel do personagem-título, tendo ganho peso e músculos de forma a encarar o Bronson real de forma mais fidedigna. Ao mesmo tempo uma crítica ao o mundo das celebridades, Bronson é um filme que não deve agradar aos espectadores mais sensíveis, porém é uma obra ousada, visceral, e o retrato de um diretor com um estilo muito peculiar e interessado em explorar este lado tão sinistro da natureza humana.

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