Filmes sobre pessoas que buscam se reerguer, após terem vivenciado alguma experiência dramática. Está aí um filão que Hollywood volta e meia gosta de explorar, com o lançamento de alguma película relacionada ao tema. Pois a obra da vez é o recém lançado Cake: Uma Razão para Viver (Cake), filme que foi relativamente badalado no início do ano, especialmente pelo fato de a atriz Jennifer Aniston - a eterna Rachel do Friends - ter sido indicado para o Globo de Ouro - ela perderia a honraria para Juliane Moore, por Para Sempre Alice. Jennifer é Claire Simmons, uma mulher que frequenta um grupo para apoio a pessoas que sofrem com dores crônicas. No local ela ficará obcecada pela jovem Nina (Anna Kendrick), frequentadora do grupo que se suicidou.
É preciso que se diga que o início do filme desperta muita curiosidade. Claire tem cicatrizes no rosto, caminha com dificuldade, se locomove sempre deitada dentro do carro, reclama e resmunga o tempo todo e de tudo com a governanta de origem mexicana Silvana - a ótima Barraza, indicada ao Oscar por Babel. Não bastassem taiss circunstâncias complicadas, ela ainda parece estar se separando do marido, que liga, pedindo para buscar as suas coisas, assim que puder. De preferência sem que os dois se encontrem. Tudo isso somado a estranha obsessão que a personagem tem por Nina, que aparece em seus sonhos, sempre com grande vivacidade. O que culmina, após uma visita, em uma aproximação entre Claire e o ex-marido de Nina, vivido por Worthington.
É um filme que parece que vai chegar lá. Só que nunca chega. Por que essa obsessão por Nina, já que Claire chega a ir ao local em que o suicídio ocorreu? Ela poderia ter sido salva pelas pessoas a sua volta? Qual era a relação entre as duas personagens? E o ex-marido de Claire? Por que foi mandado embora de casa? E o que exatamente teria ocorrido no passado, para que a deixasse com tantas cicatrizes - que verdadeiramente aparecem em seu rosto e corpo? Sim, lá pelas tantas, após algumas pistas terem sido fornecidas, até dá pra se formar uma ideia sobre aquilo que possa ter ocorrido. Mas tudo parece muito desconexo e sem lógica. Enquanto assistimos o filme, tudo que conseguimos é nos perguntar: o que tem a ver isso com aquilo? Em um dado momento o marido e a filha de Silvana aparecem. Para quê?
São muitas as perguntas sem resposta. E esse monte de pontas desamarradas, eventualmente, pode até funcionar como exercício de estilo. Como quando algum evento fica no ar, cabendo ao espectador a ligação de pontos. Mas não é o caso aqui. Jennifer até se esforça, ao entregar a melhor atuação de sua vida. Especialmente pelas exigências de sua personagem que, ainda que sejam sutis, são executadas de forma minimalista e competente. As participações especiais são apenas curiosas e em pouco acrescentam para a narrativa. O mesmo valendo para os diálogos que, em alguns casos, chegam a ser constrangedores - o que dizer da cena em que Silvana e Claire cruzam a fronteira do México para comprar medicamentos - denunciando, inclusive, uma indefinição quanto ao estilo do filme. Seria um drama? Ou uma comédia? Bom, eu não ri. E tampouco me emocionei.
Nota: 5,0
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