Vamos combinar que nem o fã mais ardoroso da dupla The Lumineers poderia imaginar que Automatic, o recém chegado quinto registro de Jeremiah Fraites e Wesley Schultz, seria o melhor da carreira. Mas o caso é que talvez seja. Sim, no que se refere ao consumo de música na modernidade, o ouvinte meio que se acostumou a renegar o simples, o descomplicado, o direto. Assim, discos como esse passam meio que batido não apenas pela crítica, mas também pelo público, sempre ávido pela novidade da vez. Em entrevistas, Schultz chegou a comentar de que as pessoas se surpreenderiam com o novo trabalho - e com o novo direcionamento, que dá as canções um maior preenchimento, um volume que não parecia tão presente no passado. Claro, não há nenhuma reinvenção da roda (o que é bom) e sim um acréscimo de elementos que parece dar mais cor e mais sabor para o folk pop do duo.
Um bom exemplo nesse sentido pode ser percebido na ótima Plasticine, uma canção cheia de camadas, que não faria feio em um disco do Travis da fase The Boy With No Name. Em geral, as músicas são construídas tendo como centro o refrão, que quase sempre permite ao fã cantar junto. Os temas costumam ser variados indo de reflexões sobre rotina e sensação de vazio (Automatic), passando pela dependência emocional (Keys and the Table) até chegar as inseguranças envolvendo as relações e a aceitação das próprias falhas (Asshole). Ah, e até o militante mais ansioso pode segurar a onda porque os temas políticos também surgem salpicados, aqui e ali, como em Better Day (Sonhando com dias melhores / Balas de borracha, spray de pimenta / Caixas de papelão no caminho). Perdas, conexões, dilemas cotidianos. A gente parece meio anestesiado. E um trabalho como esse, tão cheio de vulnerabilidade e beleza, nos ajuda a reconectar.
Nota: 8,0
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