quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

Pérolas da Netflix - Wallace & Gromit: Avengança (Wallace & Gromit: Vengeance Most Fowl)

De: Nick Park e Merlin Crossingham. Com Ben Whitehead, Reece Shearsmith, Peter Kay e Lauren Patel. Animação / Comédia, Reino Unido, 2024, 80 minutos.

Antes de qualquer coisa, verdade seja dita: parabéns para quem nomeou o novo filme de Wallace & Gromit para o português, porque esse trocadilho (tosco) mesclando as palavras "ave" e "vingança" (Avengança) ficou muito engraçado. E tudo fica ainda melhor porque o vilão em si é um pinguim silencioso e extremamente metódico, o Feathers McGraw, que mete medo sem nem se mexer! Bom, quem acompanha a icônica dupla britânica sabe do carinho geral que o público costuma ter por eles e como já fazia vinte anos desde o último longa-metragem - o divertidíssimo Wallace & Gromit: A Batalha dos Vegetais (2005) - era mais do que natural certa expectativa. Que foi ampliada com uma meio que inesperada, mas justíssima, indicação ao Oscar na categoria Animação. Sim, o filme não vai ganhar, mas terá visibilidade a mais, reforçada pela exibição na Netflix.

Na trama, o carismático e excêntrico inventor Wallace (Ben Whitehead) está bastante animado com a sua mais nova engenhoca: uma espécie de pequeno gnomo de jardim em formato de robô - seu nome é Norbot (Reece Shearsmith) -, capaz de fazer uma série de tarefas (podar, plantar, cortar gramas, colher) com uma velocidade única. Bastante obediente, Norbot acaba por irritar, em alguma medida, o fiel Gromit, que começa a ficar desgostoso com a dependência deles em relação à tecnologia (com absolutamente TODAS as atividades domésticas sendo conduzidas por algum equipamento eletrônico). Só que a vida deles parece tranquila apenas nas aparências, já que no começo da história dá pra perceber que Wallace e Gromit tiveram papel decisivo na prisão de Feathers que, acusado de tentar furtar um caríssimo diamante, vai parar em um um zoológico para "prestar serviços comunitários" (sim, mais uma das ótimas gracinhas).

 


 

Só que com a repercussão de Norbot, Wallace se torna famoso entre os vizinhos, o que atrai o interesse da imprensa. E é justamente uma entrevista concedida a TV e veiculada na prisão em que Feathers se encontra, que faz com que o maléfico pinguim bole o seu plano de vingança. Que envolve invadir um computador local, enquanto o guarda de plantão dorme, para mexer no código fonte dos gnomos. A ideia? Replicar o robô em massa, alterando o seu padrão de atendimento aos desejos humanos (saindo de amistoso para maligno). Claro que essa é a deixa para que uma série de confusões envolvendo ainda um atrapalhado delegado local (Peter Kay) e sua corajosa ajudante (Lauren Patel) - que se esforçam para solucionar o caso - ocorram. Especialmente quando os robôs malignos passarem a se comportar de forma totalmente imprevisível.

Divertida, tocante e caótica, a animação tem como mensagem óbvia a importância de não abandonarmos a simplicidade e os vínculos, em detrimento do uso da tecnologia. Claro, não é que ela não seja importante, mas alguma coisa substitui a delícia de passar um café de uma forma mais "raiz" em um bule ou em uma térmica? E o que dizer do afago no cachorro - e não é à toa que Gromit fica exasperado com a engenhoca responsável por lhe fazer o carinho (uma mão mecânica com uma luva). Feita em stop motion - e só essa técnica em si já coloca a obra em um outro patamar -, a produção, além de agradar as crianças (já que é muito viva e usa a expressão dos personagens de forma cômica), ainda dá várias piscadelas aos adultos, com piadocas que, em muitos casos, só eles serão capazes de compreender (e nesse sentido, vale prestar atenção às "obras literárias" que o engajado Gromit lê, no transcorrer do filme). Simples e direto, esses são oitenta minutinhos que passam voando. Tadá!

 

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