segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

Novidades no Now/VOD - O Céu da Meia-Noite (The Midnight Sky)

De: George Clooney. Com George Clooney, Felicity Jones, Kyle Chandler, David Oyelowo e Demián Bichir. Ficção científica / Drama, EUA, 2020, 118 minutos.

Confesso que estava com uma expectativa boa pra conferir esse O Céu da Meia-Noite (The Midnight Sky) mas, não rolou tão legal assim. Eu gosto muito de ficção científica mais existencialista e pra mim faltou um tanto de profundidade nas possíveis reflexões sobre temas como solidão, dores, arrependimentos, passagem do tempo, memória, entre outros. Não acho que o adjetivo "arrastado", como muitas pessoas estão qualificando a obra dirigida e estrelada por George Clooney, seja exatamente um problema. Dá pra ter uma fluidez mais lenta, mais reflexiva ou contemplativa, mas que ela tenha uma lógica de existência dentro da narrativa. Vagarosidade em filmes sobre viagens ao espaço é a metáfora perfeita para o tempo que passa em uma outra escala. Mas aqui não há muito disso que não seja o aborrecimento de um filme que, sim, poderia ter alguns minutos a menos se não se perdesse em tantas tramas paralelas que não nos envolvem.

Baseado no livro de Lily Brooks-Dalton, o filme nos joga para o ano de 2049, quando a terra passou por algum tipo de catástrofe global que impedirá que a vida como a conhecemos continue existindo por aqui. Ao mesmo tempo, os avanços tecnológicos já possibilitaram as expedições espaciais para outros planetas com potencial para serem habitados e é de um deles que, justamente, está retornando para casa um grupo de astronautas que não está sabendo que a Terra entrou em colapso. Ao tentarem contato com as bases daqui - não apenas na Nasa, mas em outros locais do globo -, não tem sucesso. A salvação? Um cientista solitário de nome Augustine (Clooney), que trabalha no Ártico e fará todo o esforço para alertar a tripulação dos perigos de retornar à Terra que está inabitável. Com uma doença terminal ele não se escala para fugir do planeta, permanecendo ali enquanto "curte" seus últimos dias em meio a atividades cotidianas prosaicas.


A situação de Augustine se modifica quando uma garotinha de nome Iris (Caoillinn Springall) surge na base espacial meio que de "surpresa". Tentando alertar as expedições que saíram da Terra para o "erro" cometido ao deixar uma criança para trás, o cientista terá que se virar cuidando da pequena em seus derradeiros momentos, ao passo em que se empenha para encontrar a estação espacial ideal, com um sistema de comunicação em funcionamento, que possibilite o contato com os cientistas que ele pretende ajudar. Ao mesmo tempo, a obra se perde em longos momentos em que a tripulação é mostrada - e, sinceramente, eu nunca vi um desperdício tão grande de elenco POTENCIAL, já que David Oyelowo, Kyle Chandler e Demián Bichir quase não tem razão de existir, cabendo a Felicity Jones, o papel mais relevante - e, sinceramente, há uma grande surpresa envolvendo a sua personagem que, com cinco minutos de filme já é possível de sacar. Não é spoiler porque é MUITO ostensivo.

Bom, se o arco narrativo é basicamente esse - Augustine tentando alertar astronautas para que não voltem à Terra -, há muito pouco sobre o que virou o planeta e quais exatamente as alternativas de sobrevivência possíveis. Também não há grandes reflexões comportamentais sobre o nosso papel na total destruição dos recursos naturais e nos avanços tecnológicos desenfreados que poderiam desencadear o colapso - e admito que um pouco mais desses bastidores poderiam dar mais envergadura ao projeto, algo que os pobres flashbacks dificilmente conseguem. Tecnicamente bem executado, o filme tem na fotografia uma de suas forças - e é realmente maravilhoso quando Sully (Jones) é apresentada no ambiente inóspito ou não de um planeta habitável que fica junto a Saturno. No mais o desenho de produção é econômico e a trilha sonora é convencional (pra não dizer irritante mesmo). É lento, mas sem a profundidade que tornam projetos como Interestellar (2014), Ad Astra (2019) ou A Chegada (2016) inesquecíveis.

Nota: 6,0

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